Mitos sobre câncer de mama ganham rede social

Patrícia Santos Dumont - Hoje em Dia
14/10/2015 às 07:02.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:02
 (Arte)

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Segundo tipo de câncer mais prevalente entre as mulheres – perdendo apenas para os de pele não melanoma –, o tumor de mama ainda é um assunto delicado e rodeado de mitos. Um deles, relativamente antigo, vem voltando à tona graças a mensagens compartilhadas nas redes sociais. O boato, difundido sobretudo via WhatsApp, associa o uso de desodorantes antitranspirantes ao surgimento de cânceres malignos.

Não há, porém, relação comprovada, alertam especialistas. “Não existe nenhuma comprovação científica. Há algum tempo, falava-se que o hidróxido de alumínio presente em algumas fórmulas teria efeito tóxico no organismo, mas não necessariamente estaria relacionado ao câncer de mama”, explica o oncologista Luiz Adelmo Lodi, da Oncomed, em Belo Horizonte.

Os boatos são baseados nos riscos de a substância penetrarem pela corrente sanguínea e atingirem as células da mama, predispondo principalmente as mulheres ao surgimento de células malignas.

Preocupação

Responsável por mais de 14 mil mortes no Brasil em 2013, o câncer de mama também desperta preocupação nas mulheres grávidas e nas que deram à luz recentemente. Há quem acredite que se houver suspeita da doença a amamentação deva ser suspensa imediatamente. Fato é que os tumores malignos não “passam” de mãe para filho através do leite materno.

Alimentar o bebê no peito só deve ficar de fora da rotina se a mulher estiver em tratamento contra a doença, seja realizando radioterapia, seja fazendo quimioterapia. “Não é que o bebê vai se contaminar ao mamar. Mas, normalmente, mulheres com câncer estão em tratamento e não se sabe até que ponto os remédios podem passar para o leite”, detalha o oncologia Leandro Alves Ramos, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia em Minas Gerais.

Barreira natural

Por outro lado, mulheres saudáveis criam uma espécie de barreira natural contra os tumores malignos de mama quando optam por dar o peito ao bebê. Durante a amamentação, as células mamárias ficam “ocupadas” com a produção de leite e se multiplicam menos, reduzindo os riscos para a doença. Além disso, a maior circulação hormonal também funciona como uma proteção extra no corpo feminino.

Quem tem silicone nos seios também pode esquecer dez vez o fantasma de ficar mais predisposta a desenvolver a doença. As próteses podem dificultar o diagnóstico, já que aumentam a densidade do tecido mamário, mas não há qualquer relação entre elas e o surgimento de tumores. “O silicone pode atrapalhar um diagnóstico precoce, pois dificulta os exames de imagem, por isso mastologistas e radiologistas devem ficar mais atentos a esses casos”, explica o oncologista Leandro Ramos.

OUTROS BOATOS NO WHATSAPP

Feijão mortal

Um aviso compartilhado maciçamente chamou a atenção, no mês passado, para uma epidemia mortal que estaria contaminando quem consumisse um dos alimentos preferidos do brasileiro, o feijão. No áudio, uma voz feminina explica que a cunhada, “que trabalha em um hospital da capital paulista”, notou um aumento no atendimento de pessoas com diarreia, vômitos e dores no corpo. A causa da doença e de dez mortes seria o consumo de “feijões com bichos”. Citado na mensagem, o Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo, publicou nota desmentindo o boato e negou qualquer morte dentro ou fora da instituição relacionada a algum surto de gastroenterite.

Hot dog indigesto

Em julho, uma mensagem amplamente compartilhada pelo WhatsApp dava conta de um surto de botulismo – forma de intoxicação alimentar rara, mas grave – com morte, após o consumo de salsicha. A origem de todo o problema estaria em Viçosa, no Sul de Minas. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) desmentiu prontamente o boato e esclareceu que não havia nenhum indício de ocorrência da doença no estado. O órgão negou, inclusive, que a Fundação Ezequiel Dias (Funed) tivesse recebido lotes de salsicha para analisar a tal contaminação.

Fora, todo mundo!

Recentemente, uma corrente virtual ensinou, de maneira bem detalhada – e excêntrica –, como os eleitores insatisfeitos com o governo Dilma Rousseff deveriam proceder para retirá-la do poder. Erroneamente, o texto diz que, em caso de impeachment, o mandatário anterior assumiria automaticamente, ou seja, a própria Dilma. Então, para que nem ela nem Lula retomassem o Planalto, seria preciso registrar, em cartório, um “combo de quatro impeachments”, eliminando assim os dois mandatos de Dilma e os dois de Lula. O novo presidente seria, então, Fernando Henrique Cardoso, que, por sua vez, poderia indicar Aécio Neves.

Brasil em guerra

Em março, espalhou-se pelo aplicativo de mensagens um áudio de sotaque gaúcho que advertia que o tio de uma amiga, tenente do Exército, havia recebido uma notificação do Rio de Janeiro pedindo que as pessoas abastecessem suas casas com comida e combustível. O motivo: no dia 15, durante o protesto contra o governo federal, haveria uma guerra civil no país. A mensagem dizia ainda que um grupo de guerrilheiros, dono de um arsenal de mais de 20 mil armas, estaria na floresta amazônica pronto para o ataque.

Exposição pública

Em fevereiro do ano passado, usuários do WhatsApp compartilharam uma mensagem informando que, a partir da meia-noite de um dia específico daquele mês, as fotos e conversas do aplicativo seriam postadas na linha do tempo do Facebook. Para que isso não acontecesse, o alerta recomendava o envio da mensagem para sete contatos da agenda telefônica e avisava também que 1.982 fotos de pessoas que rejeitaram o aviso já haviam sido postadas na rede social.

Confisco bancário

Outro áudio recente convocou os brasileiros a retirar dinheiro das contas bancárias porque um “fulano” que trabalha em um banco teria ouvido de um deputado que o governo federal faria um confisco no dia 18 de março. O boato foi desmentido imediatamente pelo Ministério da Fazenda, pela Caixa e pelo Banco Central.
 

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