MARIANA – O que parecia inevitável agora se tornou oficial. O distrito de Bento Rodrigues deixará de existir. Os moradores atingidos pelo desastre de mariana decidiram no sábado (14) reconstruir a vida e a comunidade em outro local da cidade de Mariana.

“Já foi decidido que não queremos voltar para onde vivíamos. Os moradores pedem que um novo Bento Rodrigues seja construído”, afirmou o motorista Antonio Pereira Gonçalves, conhecido como Da Lua, um dos seis líderes escolhidos pela população.

A comissão, também definida ontem, será responsável por apresentar à prefeitura as demandas da população e cobrar providências, inclusive com participação em reuniões com a Samarco. Na terça-feira, o grupo se reunirá com o Ministério Público.

Novo lar

A comunidade espera ter, em até um ano, um novo local para recomeçar a vida, semelhante ao que foi destruído pela lama.

“Muitas pessoas, tinham horta no terreno e dependiam disso para viver. Um espaço que permita a plantação é uma de nossas exigências”, diz o líder do grupo.

Outra demanda diz respeito ao aumento do valor do cartão, de um salário mínimo que, até o fim da próxima semana, deverá ser entregue pela Samarco a cada uma das famílias de Bento Rodrigues.

Ontem, os primeiros moradores foram transferidos de hoteis para casas alugadas em Mariana. A família da dona de casa Roza Helena da Silva, de 47 anos, foi a primeira a deixar o hotel onde estava desde a tragédia para recomeçar a vida em novo endereço. “Estamos em um lugar novo, longe da vizinhança que já conhecíamos. Não será a mesma coisa”, afirma Roza Silva.

Quinze desaparecidos

O número oficial de desaparecidos na tragédia caiu para 15. O Corpo de Bombeiros informou que três dos nomes divulgados, na verdade, não existiam. Os militares explicaram que a Defesa Civil e a Polícia Civil realizaram investigações em cartórios, nos sistemas de identificação da polícia, no Cadastro de Recém Nascidos da Secretaria de Estado da Saúde e também colheram depoimentos de testemunhas.

Com a alteração, seis moradores de Bento Rodrigues e nove funcionários da Samarco seguem desaparecidos. E sete corpos já foram encontrados, totalizando 22 vítimas possíveis.

Dor

Após oito dias de internação no Hospital Monsenhor Horta, em Mariana, a moradora de Bento Rodrigues, Priscila Monteiro, de 28 anos, recebeu alta na sexta-feira. O rompimento da barragem de rejeitos aconteceu no dia do aniversário de Priscila.

“Eu estava com meu filho (Kaique, 2 anos, ferido na tragédia) em um braço e com a Manu (Emanuelly, 5 anos, sobrinha de Priscila, morreu no desastre) em outro. Fui ficando fraca e não consegui segurá-los”, lembra. “Não consigo imaginar como poderei comemorar o meu aniversário no ano que vem. Não terei forças”.

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