Moradores de condomínios de Nova Lima temem ver a família refém de bandidos

Renato Fonseca - Hoje em Dia
13/06/2015 às 07:23.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:27
 (Ricardo Bastos / Hoje em Dia)

(Ricardo Bastos / Hoje em Dia)

Da sensação de insegurança e prejuízo material ao pânico de ter uma arma apontada contra a cabeça e passar momentos de terror nas mãos de bandidos. Antes restrita a arrombamentos e furtos, a criminalidade em residenciais de luxo de Nova Lima, na Grande BH, agora coloca em risco a vida das pessoas. Por duas horas, uma família foi mantida refém de assaltantes, que ainda realizaram um sequestro-relâmpago levando uma jovem de 23 anos.   Três homens armados e encapuzados renderam um casal e as duas filhas no condomínio Vila Castela. As vítimas foram amarradas, amordaçadas e levadas para um quarto. Quatro mil dólares, 2 mil euros e joias foram levados pelo trio, que fugiu em um carro da família com a caçula dirigindo para evitar suspeitas. A moça foi deixada na Praça da Cemig, em Contagem. Ninguém foi detido, e o veículo segue desaparecido.    O sequestro ocorreu no último domingo. Mas só foi informado nesta sexta-feira (12), justamente por conta de outro crime registrado no Vila Castela. Na madrugada dessa sexta-feira, um homem tentou invadir uma residência, mas o alarme disparou e a polícia foi acionada. Militares agiram rápido e conseguiram prender Pedro Ivo Amaral Souza, de 27 anos, em flagrante.   Em abril deste ano, o Hoje em Dia mostrou, com exclusividade, que desde janeiro do ano passado, 33 arrombamentos foram registrados em mansões da região, conforme a PM. Só nos quatro primeiros meses de 2015, foram dez ocorrências. Na época, os crimes estavam concentrados nos residenciais Vila Castela, Del Rey, Village Terrasse, Alpina, Vale dos Cristais e Campestre.   Todos os condomínios têm forte aparato de proteção. Câmeras, patrulhamento armado 24 horas por dia e guarita para registrar os acessos são só algumas das medidas adotadas. No Vila Castela, por exemplo, o gasto anual com segurança gira em torno de R$ 2 milhões, segundo relato dos próprios moradores.   Como todo o empenho parece não inibir a ação criminosa, algumas famílias estão apreensivas e clamam por socorro. “É preciso fazer algo urgente. É um absurdo. Mesmo com todo esse investimento, não estarmos seguros”, disse um homem que mora há anos no condomínio de luxo.   Atualmente, há 240 casas no Vila Castela. Algumas avaliadas em R$ 10 milhões. A entrada principal fica próxima ao trevo do BH Shopping. O local serve de acesso a outros residenciais. Em média, mais de mil pessoas passam pela guarita, diariamente. A reportagem entrou em contato com a administração, mas ninguém quis falar sobre o caso.   Polícia suspeita que acesso de criminosos acontece por trilha nos fundos do Vila Castela    Atuando de forma integrada para resolver os crimes, as polícias Militar e Civil identificaram como os bandidos têm agido, pelo menos no Vila Castela. A suspeita é a de que a maioria das invasões ocorre em uma área nos fundos do condomínio conhecida como Trilha Perdidas. O acesso é feito do lado oposto da MG-030, nas proximidades do córrego do Mutuca.   Segundo a delegada Lorena Vaz de Melo, da 4ª Delegacia de Nova Lima, a prisão em flagrante será importante na investigação de outros casos. Pedro Ivo teria assumido a participação em pelo menos dois arrombamentos anteriores. “As câmeras de segurança confirmam a participação dele”, afirmou a delegada. A polícia acredita que ele não realizava os roubos sozinho e comparsas poderão ser identificados.   Com relação ao sequestro relâmpago, o tenente Reginaldo Guedes, da 63ªa Área Integrada de Segurança Pública (Aips), informou que existem suspeitos e prisões poderão ser feitas a qualquer momento. Apesar da apreensão dos moradores, o oficial garante que a situação está sob controle e tenta tranquilizar as famílias.   “Reforçamos o patrulhamento, que ocorre durante todo o dia. Também temos trabalhado de forma conjunta e acabamos de efetuar essa prisão”, disse. Conforme o militar, aumento da vigilância nos pontos vulneráveis identificados foram solicitados à administração dos condomínios. A PM pede a todas as vítimas para registrar os boletins de ocorrência.   EM FLAGRANTE – Pedro Ivo tentou roubar uma casa na Vila Castela, mas foi preso pela polícia (Foto:Ricardo Bastos / Hoje em Dia)   Ocorrências em Lagoa Santa, na Grande BH, aumentam cinco vezes desde o início do ano   Patrícia Santos Dumont - Hoje em Dia   Em Lagoa Santa, também na Grande BH, o número de arrombamentos registrados em condomínios cresceu cinco vezes, desde janeiro, saltando de dois casos, no início do ano, para dez no mês passado.    Em 2014, foram 28 ocorrências em que foi necessário o envolvimento da Polícia Militar, segundo levantamento feito pela Associação dos Condomínios de Lagoa Santa (Acolasa), em maio. A instituição reúne 24 residenciais, que, juntos, somam 1.070 casas, muitas avaliadas em até R$ 5 milhões. Ao todo, o município tem pelo menos 40 condomínios.    Para blindar as residências contra a ação de bandidos, moradores lançaram mão de um sistema integrado que permite a comunicação entre todos os condôminos e o acionamento imediato da polícia. “A maioria das situações envolve imóveis vazios, de onde são furtados objetos de valor. Mas sabemos que, atualmente, Lagoa Santa deixou de ser uma cidade de veraneio e grande parte dos proprietários vivem nessas casas”, afirma o presidente da Acolasa, José Mariano de Araújo Neto.   Segundo ele, um número expressivo de condomínios e de residências utiliza sistemas próprios de proteção, que incluem serviços de segurança armado e monitoramento por câmera. “Mas, infelizmente, ainda há quem espera acontecer para buscar providência”, diz Neto.

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