Moradores do entorno do Mineirão sofrem com ação de ambulantes e torcedores que emporcalham

Izabela Ventura - Hoje em Dia
17/05/2014 às 07:21.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:37
 (André Brant/HojeemDia)

(André Brant/HojeemDia)

Muita gente aguarda com ansiedade os dias de jogos de futebol para torcer pelo time do coração ou “secar” o rival. Mas os domingos e quartas-feiras (às vezes quintas também) se tornaram pesadelo para moradores do entorno do Mineirão, com a farra de torcedores mal-educados e vendedores ambulantes.   Antes e depois das partidas, ruas dos bairros São Luiz e Ouro Preto são tomadas por carros com sons potentes – alguns bloqueando entradas de garagens –, churrasqueiras e caixas de bebidas e sacos de carvão e carne para churrasco nos passeios.   Moradores acionam a Polícia Militar (PM) frequentemente e enviaram um abaixo-assinado à Prefeitura de BH (PBH), mas não conseguiram o sossego perdido desde que o Mineirão foi reinaugurado, há mais de um ano.   O aposentado João Assunção, de 65 anos, mora na rua Alfredo Camarate. Ele conta que, nos domingos, os torcedores começam a “concentração” ao meio-dia e, se as partidas são à noite, a bagunça vara a madrugada.   “Montam churrasqueiras nos passeios e enchem o bairro de fumaça; ligam o som alto e promovem gritaria; soltam foguetes e bombas; se embebedam e brigam entre si”, relata. Ele já teve que mudar a data de batismo de uma neta para o evento familiar fugir da “competição” com os torcedores na própria casa.   Outro morador da rua, que pediu para não ser identificado, diz que o pior é o uso dos muros e portões como banheiros. “Até desligo o sistema de câmeras para minha filha de 7 anos não ver nada. É um desrespeito às famílias”, afirma ele, que já foi ameaçado por torcedores ao interceder nessa situação.   Na última quarta-feira (jogo Cruzeiro x San Lourenzo), torcedores tomaram conta de uma casa em construção na rua Expedicionário Mário Alves de Oliveira e fizeram do lugar um boteco, conforme o relato de João.   Nessa rua, no dia seguinte, havia fezes e restos de carvão na porta da casa da aposentada Helena Machado Almeida, de 84. Apesar de garis fazerem a limpeza depois dos jogos, muitos moradores ajudam a tirar a sujeira.   A esteticista Maria de Lourdes da Oliveira, de 67, fornece até sacolas plásticas aos torcedores, na tentativa de encontrar a calçada mais limpa depois. “Entendo que eles querem festejar e que não há muitas opções de bares por aqui, mas é preciso ter disciplina”.   A Regional Pampulha informa que faz ações fiscais de desobstrução das ruas e de combate ao comércio ilegal no entorno do Mineirão durante os jogos, em parceira com a Guarda Municipal, a BHTrans e a PM. Na última quarta-feira, por exemplo, foram apreendidos equipamentos irregulares e gêneros alimentícios que eram comercializados sem condições sanitárias nem licença do município.   PM promete agir contra baderneiros e ambulantes   A Polícia Militar está ciente da baderna na área residencial no entorno do Mineirão e busca soluções para o problema com a Prefeitura de Belo Horizonte.   O subcomandante da 17ª Companhia do 34º Batalhão, tenente Henrique Vieira, informou que a corporação vai agir com a Regional Pampulha para fiscalizar a bagunça em dias de jogos, coibindo a ação de ambulantes irregulares e de quem fechar as vias fazendo churrasco e consumindo bebidas, além de impedir que urinem nos portões.   A esperança é que as providências sejam tomadas e moradores como Maria de Lourdes de Oliveira, do bairro São Luiz, não tenham que se isolar em casa. “Não recebo visitas nem atendo clientes”, diz a esteticista.   Há denúncia também de torcedores embriagados que saem dirigindo após os jogos. Em nota, o Batalhão de Trânsito da PM informou que não tem conhecimento das badernas com bebedeiras no bairro e que as blitze de Lei Seca ocorrem diariamente.

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