Moradores do Ribeiro de Abreu relatam momentos de tensão e medo após rua ceder

Malú Damázio
mdamazio@hojeemdia.com.br
07/03/2018 às 17:49.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:44
 (Pedro Gontijo)

(Pedro Gontijo)

Dormir à noite não tem sido fácil para a dona de casa Mirlene Souto Alexandre, de 19 anos, que vive no bairro Ribeiro de Abreu, na região Nordeste de Belo Horizonte. Com as fortes chuvas que têm ocorrido na capital, principalmente durante as madrugadas, parte da rua em que Mirlene mora cedeu nesta quarta-feira (7). “Fico com medo de fechar os olhos e acordar com tudo caindo”, diz.

A rua Antônio Ribeiro de Abreu margeia o córrego do Onça e é uma das principais vias de acesso ao bairro. Desde a queda do asfalto, que deslizou para dentro do curso d’água, a área está isolada pela Defesa Civil. Moradores e pessoas que trabalham próximo ao local, no entanto, seguem transitando pela região, inclusive de carro.

Horas antes do desmoronamento, o trecho afetado amanheceu com uma imensa rachadura causada pelo impacto da chuva da madrugada. “Quando vimos, já desconfiamos que poderia cair”, conta o funileiro Lucas Eduardo Leite, de 31 anos, que trabalha no local e viu a rua inclinada ao chegar no serviço.

Por volta das 10 horas, ele ouviu o primeiro estrondo. “Deu um barulho muito alto, aí já saí na rua e fui avisar um moço que vinha de carro para não passar porque parecia que ia desabar. Depois, deu um estrondo, o asfalto foi caindo e eu corri para perto do veículo", conta.

No momento em que a estrutura cedeu, Mirlene, que estava olhando a rua pela janela, pegou no colo a filha de um ano, que estava dormindo no berço dentro do quarto, e correu para a casa da amiga, que fica em um nível mais alto na mesma encosta em que vive. “Fiquei desesperada, na noite anterior já estava reparando que as paredes do meu apartamento estão com rachaduras, acho que é por causa da chuva”, diz.

Apesar do medo de que o restante da rua também ceda, Mirlene afirma que continuará em casa com o marido e a filha. “Não tenho para onde ir, minha casa é aqui, mas fico apreensiva porque parece que o asfalto está oco por causa da água do córrego”, explica.

A rotina continuou igual também para Lucas, que foi trabalhar no dia seguinte, mesmo após o desmoronamento. Alguns moradores que vivem no pedaço inicial da rua, que é sem saída, também ficaram ‘ilhados’ com o desabamento da estrutura. Segundo o funileiro, houve até quem tentasse passar de carro no local. “Tem gente que não teve como sair e se arriscou dirigindo pelas beiradas”, diz.

A Defesa Civil afirma que isolou o local e pede que as pessoas adotem “medidas de autoproteção” e respeitem a interdição da via. No entanto, o órgão afirma que, até o momento, não foi preciso retirar os moradores das casas. A Secretaria de Obras e Infraestrutura diz que enviará equipe de engenheiros e geólogos para vistoriar a área e pensar em uma solução. “A partir do relatório técnico será desenvolvido um projeto de contenção para o local. O início das obras depende do fim do período chuvoso”, informou o órgão em nota.

Prefeitura promete obras

Segundo a Secretaria de Obras e Infraestrutura de BH, a Rua Antônio Ribeiro de Abreu está localizada em área inundável margeando o ribeirão do Onça, na qual será implantando o Parque Linear do Onça. De acordo com a PBH, este parque está inserido no contexto das obras de otimização do sistema de macrodrenagem das Bacias dos Ribeirões da Pampulha e do Onça, cuja primeira etapa de obras tem a republicação de edital de licitação prevista para este mês de março. 

Leia mais:
Moradores desrespeitam interdição e se arriscam em rua que desabou no Ribeiro de Abreu
Asfalto cede e rua desaparece no Ribeiro de Abreu; chuva também derruba muros em BH

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por