Moradores reclamam das obras de contenção dos córregos Olaria e Jatobá em BH

Ricardo Rodrigues - Hoje em Dia
27/10/2014 às 17:53.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:48
 (Eugênio Moraes/Hoje em Dia)

(Eugênio Moraes/Hoje em Dia)

Moradores dos bairros Tirol e Vale do Jatobá reclamam do descaso da Prefeitura de Belo Horizonte relativo às obras nas bacias de contenção dos córregos Olaria e Jatobá, na região do Barreiro. No último sábado (25), a PBH abriu licitação para contratar os projetos básicos e executivos de infraestrutura e de edificações para urbanização de vias no entorno dessas bacias de controle de cheias, incluindo área remanescente com chaminé preservada de antiga olaria. Sem previsão para início dessas obras, a sujeira vai se acumulando nesses canais, traz mau cheiro, pernilongos e animais nocivos à saúde pública.   "A prefeitura não faz manutenção nem limpeza do córrego Olaria. A comunidade está sofrendo com ratos, baratas e escorpiões. Não adianta reclamar na prefeitura", afirma a comerciante Joseni Aganetti Duarte. O morador Carlos Roberto Pedroso endossa a queixa de Joseni: "Foi bom ter feito a contenção de água, mas a limpeza em si não existe. A prefeitura nunca fez a limpeza do canal, mesmo com o abaixo assinado entregue pela comunidade há 60 dias", reitera Pedroso. Segundo os moradores, há mais de seis meses a prefeitura não faz a limpeza do canal.   Dona Nair Cândia dos Santos, de 75 anos, espera por melhorias no bairro há 50 anos, mas conta que não recebeu até hoje a indenização pelo terreno de 300 m² desapropriado pela Prefeitura na antiga rua Principal, (rua Maria da Silva Gomes), que não tem sequer passeio para pedestre."Agora, atrapalhou para todo mundo. Aqui virou esconderijo de marginais. Não tem iluminação à noite. Já teve assalto aqui que deixou as pessoas sem roupa. Isso aqui é um breu danado à noite". Segundo ela, a obra não foi concluída e atrapalhou o comércio.   "A comunidade entregou à prefeitura abaixo assinado pedindo que a bacia de contenção não fosse feita na entrada do bairro Tirol. "Na hora de pico, não tem como atravessar a rua. O alargamento da via foi pedido, mas não foi feito. Faltou alargar a rua e colocar o passeio, que é uma necessidade dos moradores todos os dias. A obra acabou com o nosso comércio". Ela acrescentou que continua pagando o IPTU do terreno tomado pela PBH.    É uma rua de passagem de um bairro para outro e precisa ser alargada. Não passa cadeirante na rua, que serve de acesso a quatro escolas do entorno. As crianças têm de caminhar pelo meio da rua. Tem quatro escolas no entorno, perigo no trânsito. na rua não tem local para caminhões descarregarem produtos no comércio local. Eu chamo isso aí de buraco, porque a bacia não foi concluída. Nela não entra água. A bacia foi dividida, uma parte está mais alta do que o nível do córrego.     O edital lançado pela Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smobi) tem valor teto de R$ 453.088,66. Serão desclassificadas todas as propostas com preços totais acima deste valor. O prazo para a prestação dos serviços de consultoria para a elaboração dessses estudos técnicos é de 180 dias corridos, contados a partir da data de emissão da primeira Ordem de Serviço. "Uma vez que trata-se de licitação de projetos, no momento, não há previsão de início de obras", informou a Smobi por nota.    Carlos Pedroso conta que a PBH fez parte do gabião (contenção com pedras) às margens do Olaria em 2013, mas desde dezembro o serviço foi suspenso. Com isso, o córrego virou local de bota-fora. Joseni reclama "da porcariada (lixo) que está aí no canal". Ela diz que a PBH exige dos moradores "limpeza na casa da gente por causa da dengue, mas não recolhe o lixo e o entulho atirados no canal". Da área no entorno da bacia já saíram 80 famílias. "O ideal era fazer a bacia de contenção onde não tem residências. Os engenheiros da prefeitura não sabem o que os moradores estão precisando", critica a comerciante.   O pedreiro Joaquim José Gomes, de 61 anos, conta que está ameaçado de perder sua casa, que dá fundo para o córrego Jatobá. "Todo mundo está preocupado. Se chover grosso por 30 minutos, inunda tudo aqui". Ela mora na Vila Tirol há 39 anos. "A prefeitura já demarcou e mediu a área externa, fotografou tudo. A gente aguarda o cadastramento para retirada das 1.600 casas, segundo informou o fiscal da prefeitura", informa o pedreiro.    A bacia de contenção de cheias no córrego Jatobá tomou a área do antigo campo de futebol do bairro Tirol. Durante poucos meses, cinco retroecavadeiras trabalharam no local. Porém, máquinas e homens foram retirados na última semana, sob a alegação de falta de recursos na PBH, segundo afirma a moradora Rosa Maria Ribeiro, que mora há 32 anos em frente ao curso-d'água. "Foram mais de 20 anos prometendo a obra. Agora informaram que só vai terminar quando a prefeitura tiver dinheiro. Minha casa trincou por todos os ados, um mês depois que começou a obra. Os postes de iluminação estão pendurados, sem arrimo, na rua".    Dona Rosa e o marido contam que o leito do córrego Jatobá foi desviado, mas o local "fede demais. Ninguém aguenta isso aqui". Preocupado com o que poderá acontecer ao imóvel onde vive com a família, o açougueiro José Luciano Ribeiro, de 62 anos, afirma que no domingo último uma parte do barranco escavado na bacia desceu abaixo. "Na prefeitura, ninguém fala nada. Fui na Defesa Civil para reclamar. Hoje (ontem) o engenheiro me ligou. Sugeriu que eu colocasse palitos nas rachaduras das paredes. Se cair o palito é porque está aumentando a trinca, foi o que ele me disse". Segundo ele, a casa contruída pela Cohab está apresentando rachaduras em todos os cômodos desde o começo das obras na bacia do Jatobá.  

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