Mortes por afogamento crescem 14%; férias e calor aumentam preocupação

Da Redação*
horizontes@hojeemdia.com.br
07/12/2016 às 19:43.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:59

A previsão de temperaturas ainda mais elevadas com a chegada do verão e das férias lança alerta para o risco de afogamentos. A procura por cachoeiras, lagoas, rios e piscinas é maior no fim do ano, aumentando também os pedidos de socorro ao Corpo de Bombeiros. 

De janeiro a outubro, 434 banhistas morreram em Minas. Os registros superam em 14% todas as ocorrências atendidas em 2015, conforme os Bombeiros. A maioria dos casos acontece quando a pessoa não conhece o local ou ignora cuidados básicos.

Casos recentes de grande repercussão também reforçam o perigo. Em setembro, o ator Domingos Montagner morreu após mergulho no rio São Francisco, no Sergipe. No mês passado, um menino de 7 anos também se afogou em um clube em Esmeraldas, na Grande BH. Socorrido, ele não resistiu.

O risco é ainda maior quando as ocorrências envolvem banhistas que não sabem nadar ou ingerido bebidas alcoólicas, diz o instrutor de atendimento pré-hospitalar e especialista em salvamento aquático dos Bombeiros, sargento Benedito Eduardo. Ele reforça preocupação com “abuso da autoconfiança” e falta de acompanhamento dos adultos, no caso de criança.

434 ocorrências foram atendidas pelo Corpo de Bombeiros, de janeiro e outubro deste ano; em 2015 foram 378 registros 

“A recomendação principal é, primeiro, observar o local. Nunca entre na água de uma vez e respeite o limite que molhe apenas até a altura do joelho. Pedir informações aos nativos sobre melhores locais para nadar também é uma boa opção”, afirma.

Alerta também para as chuvas intermitentes desta época do ano. Segundo o bombeiro, as precipitações podem provocar as conhecidas “trombas d’água”, que aumentam o fluxo de cachoeiras de repente. Nesses locais, pedras e galhos no fundo da água podem se tornar armadilhas e deixar as pessoas presas.

Para os que presenciam afogamentos, o instrutor explica que os acompanhantes nunca devem se arriscar para salvar uma vítima se não tiverem habilitação, e não devem ter contato físico direto com as mesmas. O mais certo a se fazer é, imediatamente, acionar o 193 e, depois, jogar algo em que a pessoa possa se segurar.

“O primeiro passo é ligar para os bombeiros. Após realizar o chamado, caso consiga retirar a vítima da água, mantenha a pessoa deitada de barriga para cima e verifique a respiração. Se não houver, é necessário realizar cinco respirações artificiais, que são boca a boca. Caso a pessoa não retome a consciência é preciso realizar trinta massagens cardíacas no centro do peito com as duas mãos entrelaçadas e braços estendidos e duas respirações boca a boca, até a chegada dos Bombeiros”, explica o sargento Benedito Eduardo. O militar ressalta que o boca a boca só deve ser feito caso haja condição propícia. Caso contrário, mantenha apenas as massagens. 

Casos

No último domingo, Asath Miguel, de apenas 9 meses, nasceu de novo. O bebê quase morreu afogado após ficar cerca de oito minutos debaixo d’água em uma piscina de um sítio em Esmeraldas (Grande BH). Ele foi socorrido pelos familiares e Corpo de Bombeiros, antes de ser transferido para o Hospital João XXIII, em BH. A criança estava em um andador quando caiu na piscina, conta a mãe Vanessa Gomes. “Foi um milagre. Ele está ótimo, recuperado e sem sequelas. Já até recebeu alta do hospital”, diz.

Para o capitão Thiago Miranda, que participou do salvamento da criança, o bebê sobreviveu não apenas porque os bombeiros foram rápidos no atendimento, mas porque o organismo de Asath reagiu bem à falta de oxigênio. “O afogamento é perigoso porque causa lesões graves rapidamente. Esse caso especificamente foi uma exceção, principalmente porque ele não teve sequelas”, afirma. O clínico-geral dos hospitais João XXIII e Risoleta Neves, Marcelo Lopes Ribeiro, explica, ainda, que além do atendimento rápido ter sido essencial para a boa recuperação do bebê, crianças abaixo de um ano têm uma reserva de oxigênio maior do que adultos e, por isso, podem responder melhor.

(Colaborou Mariana Durães)

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