Mosquito Aedes pode transmitir dengue e zika ao mesmo tempo, aponta estudo

Da Redação*
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21/05/2018 às 18:46.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:11
 (iStock / Reprodução / SES-MG)

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O mosquito Aedes aegypti pode ser infectado simultaneamente pelos vírus da zika e da dengue, segundo estudo realizado pelo Grupo de Entomologia Médica da Fiocruz Minas em parceria com a Fundação Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado. “Isso significa que certamente temos mosquitos circulando no Brasil coinfectados por vírus dessas duas doenças, uma vez que nosso país é área endêmica para ambas”, afirma o pesquisador da Fiocruz Minas Paulo Pimenta, que coordenou o estudo junto com a cientista Nágila Secundino.

Conforme os pesquisadores, camundongos submetidos à picada dos mosquitos coinfectados tiveram uma taxa de contaminação pelo zika de 100%. O percentual contrasta com a taxa de transmissão da dengue, que foi de 20%. Além disso, esses 20% infectados por dengue também estavam por zika, indicando que o Aedes pode transmitir, para um mesmo indivíduo, as duas doenças.

“Por que o vírus zika tem sido mais eficaz em transmissão ainda é uma incógnita. Vimos, pelas nossas análises, que a intensidade da infecção nos mosquitos coinfectados foi maior para o zika do que para o vírus da dengue. Assim, uma das hipóteses é que haja uma maior disponibilidade do vírus da zika na saliva do vetor para ser injetado no hospedeiro”, observa o pesquisador.

Outra possibilidade, segundo os coordenadores da pesquisa, é que o vírus da zika, por ter entrado mais recentemente no Brasil, seja mais agressivo ao entrar no organismo do mosquito, tendo a capacidade de se multiplicar mais rapidamente.

A pesquisa

Para chegar aos resultados, os pesquisadores coletaram 2.501 ovos do mosquito, que foram usados para iniciar uma colônia. As larvas resultantes da eclosão desses ovos (cerca de 600) foram criadas até a fase adulta e depois separadas em 3 grupos. Um grupo passou a ser alimentado por sangue contaminado pelos vírus da dengue; outro recebeu sangue infectado por zika; e o terceiro com as duas doenças. Posteriormente, os insetos passaram por um teste que comprovou que quase a totalidade dos coinfectados (por zika e dengue) estava contaminada pelos dois vírus.

A coinfecção comprovada nesta pesquisa levanta a possibilidade real de que o fenômeno possa ocorrer também com outros vírus, como o chikungunya. Já existe na literatura a demonstração da coinfecção dele com o da dengue.

“Uma pessoa pode ser infectada tanto pela picada de um único mosquito coinfectado ou por  dois mosquitos monoinfectados por vírus distintos. A coinfecção por mais de um arbovírus terá implicações epidemiológicas importantes. Infecções mistas nos seres humanos poderão apresentar sintomas ainda mais complexos, tornando o diagnóstico clínico e até mesmo o manejamento desses pacientes um desafio ainda maior”, ressalta o pesquisador.

* Fonte: Fiocruz Minas

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