Muito prazer, novo Bruno: goleiro muda postura de olho no regime semiaberto

Alessandra Mendes - Hoje em Dia
13/08/2013 às 06:45.
Atualizado em 20/11/2021 às 20:55

A arrogância e a prepotência comuns ao goleiro Bruno Fernandes durante o julgamento do assassinato de sua ex-amante, Eliza Samudio, deram lugar à simpatia e à humildade. Após três anos preso – condenado a 22 anos e três meses por mando do crime –, o ex-jogador do Flamengo adotou uma postura diferente.

A estratégia, segundo especialistas, visa a autoproteção e a construção de uma nova imagem. Mudanças que podem beneficiá-lo no futuro. “Manter a versão apresentada no julgamento, mas mudando de postura, é muito importante. Não podemos esquecer que ele tem recursos a ser julgados e tudo isso pode influenciar na decisão”, explica o jurista Luiz Flávio Gomes, que acompanhou o júri de Bruno, em março desse ano.

Em entrevista exclusiva ao Hoje em Dia, na última sexta-feira, o goleiro, sorridente e brincalhão, fez questão de interagir com os jornalistas que antes evitava.

Ao falar sobre a mudança de ídolo do futebol para presidiário, o jogador se emocionou e narrou as dificuldades enfrentadas na cadeia, inclusive que chegou a tentar tirar a própria vida. “É uma forma encontrada de se humanizar perante a sociedade. Assumir um erro e demonstrar arrependimento e sofrimento. Uma estratégia inteligente e eficaz”, avalia Gomes.

Apesar de sustentar a versão contada durante o julgamento, Bruno pode não estar falando a verdade. Uma incoerência, já que se considera hoje um homem melhor. “Aceitar falar sobre o caso, contando detalhes do que teria acontecido, não quer dizer que ele resolveu esclarecer tudo. Uma coisa não está relacionada à outra”, explica o especialista que já atuou como promotor e juiz.

Bruno se diz traído porque sabia, desde o início, que Eliza tinha sido morta. Porém, afirma ele, não falou nada para proteger o amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão. Entretanto, foi acusado por seu ex-braço-direito de ser o mandante do assassinato.

Ainda assim, o goleiro afirma perdoar o “erro” que acabou pesando para sua condenação e diz desconhecer a real participação de Macarrão no crime. Um posicionamento que mostra sua adequação às regras do sistema penitenciário.

“Preso dedo-duro não é visto com bom olhos pelos colegas. Mesmo que saiba algo de Macarrão e de outros envolvidos, não vai falar”, esclarece o jurista Luiz Flávio Gomes. Todos esses passos, minuciosamente pensados, teriam o objetivo de aumentar as chances de ter aceitos seus recursos na Justiça, abrindo brechas para voltar a jogar futebol no regime semiaberto, a partir de 2017. “As chances são mínimas, mas dá para ver que ele está trabalhando para isso”.


Boa

A defesa do goleiro chegou a anunciar o interesse do clube Boa Esporte, de Varginha, no Sul de Minas, na contratação do atleta. A possibilidade foi usada como argumento da defesa para pedir um habeas corpus, antes do julgamento, mas o Tribunal de Justiça de Minas Gerais negou.

Agora, a estratégia seria usar a mesma arma para garantir que Bruno volte aos gramados daqui a quatro anos. O regime semiaberto exige a permanência do detento durante a noite na penitenciária. Esse será o grande entrave na retomada da carreira do goleiro.

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