Mulher é morta pelo companheiro desempregado que não aceitava que ela sustentasse a casa sozinha

José Vítor Camilo
15/07/2019 às 17:01.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:33
 (REPRODUÇÃO / REDES SOCIAIS)

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Uma briga pelo fato de a companheira estar sustentando a casa sozinha, após recente demissão, levou um homem de 64 anos a assassinar de forma cruel, com golpes de um banco de madeira e facadas, Irene Aparecida Borges, de 52 anos, com quem estava casado há cerca de 17 anos. O crime bárbaro foi registrado na noite de domingo (14) na residência do casal, em Lavras, no Sul de Minas Gerais. 

Conforme a Polícia Militar (PM), uma viatura foi chamada por volta das 20h30 na rua Aloisio José de Assis, no bairro Novo Horizonte, após o suspeito contar para um vizinho que teria matado a esposa. Quando chegaram ao endereço, os policiais encontraram o homem deitado na rua, bastante exaltado, e com sintomas de ter ingerido bebidas alcoólicas. 

Após entrarem no imóvel, os policiais encontraram a mulher toda ensanguentada e já sem vida. Irene sofreu afundamento de crânio e apresentava ainda golpes de faca no pescoço e cabeça. 

Antes de ser preso em flagrante, o homem chegou a ser encaminhado para um hospital, pois havia a informação de que ele teria ingerido veneno após o homicídio, o que acabou não sendo confirmado. O suspeito trabalhava juntamente com Irene em uma universidade da cidade e teria sido demitido recentemente. Ele responderá por feminicídio, que tem pena de 12 a 30 anos de detenção. 

Agressões constantes 

Ainda de acordo com a PM da cidade, vizinhos e até mesmo a filha da vítima disseram que Irene era agredida constantemente. "Mas não consta em nosso banco de dados nenhum registro de violência doméstica. Até então ele não tinha nenhuma passagem pela polícia. Foram 17 anos juntos, há relatos de agressões, mas as denúncias não foram levadas adiante. Por isso, a importância das pessoas denunciarem os casos de violência doméstica. Se nesse caso tivéssemos sido acionados antes, essa morte poderia ter sido evitada", disse a tenente Edilaine Andrade de Paula, assessora da corporação na cidade. 

Ela aproveitou a oportunidade para dar um recado para as mulheres e, também, testemunhas de casos de violência doméstica. "Caso a pessoa não queira se identificar, é possível fazer a denúncia anônima pelo 180. Se você presencia sua vizinha ou qualquer mulher sendo agredida, é importante denunciar para que possamos verificar os fatos e aplicar a Lei Maria da Penha. Aqui em Lavras nós temos, inclusive, uma patrulha de prevenção a este tipo de crime", alertou. 

Segundo ela, muitas mulheres sequer sabem os seus direitos, como por exemplo a possibilidade de pedir uma medida protetiva para manter o agressor à distância. "Nesses casos, nós podemos fazer um acompanhamento tanto da vítima como do autor, que é visitado e alertado sobre as penas que podem ocorrer se ele descumprir a medida e se aproximar da mulher, já que eles podem ser presos por isso. As mulheres muitas vezes só pensam na violência física, mas há também a violência psicológica e financeira, que também são importantes de serem denunciadas", finalizou a tenente Edilaine. 

Homenagens

Após a notícia do feminicídio contra Irene ser divulgada, amigos e familiares se manifestaram nas redes sociais. "Amigas, tomem cuidado com os relacionamentos. Foi um grande choque para mim, senti muito, gostava muito dela pela alegria que transmitia nos corredores aqui da universidade. Que Deus a tenha em um bom lugar. Não se pode generalizar, mas muitos casos extremos poderiam ser evitados se soubéssemos reconhecer um relacionamento abusivo desde o início", disse um colega de trabalho da vítima antes de enumerar vários exemplos de atitudes que indicam um relacionamento abusivo. 

"Dona Irene, que falta vai fazer seu sorriso", lamentou outra colega da vítima. "Minha companheira de serviço, vai fazer falta", disse uma trabalhadora da universidade. 

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