A primeira pessoa a ser internada compulsoriamente em Minas Gerais está perdendo a luta contra o crack. Carolina Moreira Alves Pereira, de 26 anos, já passou por mais de 70 internações desde que se tornou usuária de drogas, ainda na adolescência. Até hoje, no entanto, os esforços da família e dos órgãos públicos não foram suficientes para devolver a “liberdade” à garota, que é controlada pelo vício.
Na última quarta-feira, a ex-estudante foi agredida com dez facadas no rosto, pescoço e peito. A tentativa de homicídio ocorreu no bairro São Geraldo, na região leste de Belo Horizonte. A Polícia Militar suspeita que duas mulheres envolvidas com o tráfico de drogas tenham participado da ação.
“Foi por pouco que a minha filha não morreu. As mulheres queriam jogar álcool e atear fogo nela”, afirmou a doméstica Sônia Cristina Moreira, de 56 anos. Diante de mais esse episódio, ela chega a pensar, em momentos de desespero, que a morte de Carolina representaria o fim do sofrimento da garota e da família.
Agora, Sônia corre atrás de mais um tratamento para a filha. A ONG Defesa Social, que cuida do caso, promete entrar, ainda hoje, com uma medida de urgência no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, solicitando a internação compulsória pelo município.
“Dona Sônia está pedindo socorro, mas só encontra ajuda no Cersam (Centro de Referência de Saúde Mental), que não resolve o problema dela devido ao alto grau de intoxicação de Carolina”, afirma o presidente da ONG, Robert William.
Na Justiça, ele tentará que a prefeitura arque com as despesas do tratamento em uma clínica especializada fora do Estado. O estabelecimento, no entanto, não poderá ser o mesmo no qual Carolina ficou internada compulsoriamente, em 2011.
Isso porque o Estado ainda não efetuou o pagamento de aproximadamente R$ 18 mil pelos nove meses que a garota esteve por lá.
Burocracia
Em nota, a Secretaria de Esporte e Juventude de MG informou que as despesas decorrentes da internação estão consignadas e reservadas. Contudo, aguarda que a entidade encaminhe relatórios de serviço – como laudos profissionais e registro do controle de medicações – para que o pagamento seja feito. Por causa do vício, Carolina desenvolveu um distúrbio psiquiátrico que dificulta ainda mais a reinserção social.