Mulheres são decisivas no acordo da cúpula de Paris

Ricardo Rodrigues - Hoje em Dia
27/12/2015 às 08:16.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:28
 (Carlos Henrique/Hoje em Dia)

(Carlos Henrique/Hoje em Dia)

A participação das mulheres na celebração do Acordo de Paris surpreendeu o cientista mineiro Milton Nogueira, de 75 anos, que acompanhou de perto essas negociações. De acordo com ele, elas foram essenciais na formulação do novo tratado para o clima, celebrado na 21ª Conferência das Partes (COP 21), em dezembro, por 195 países e a União Europeia.

Perito revisor do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, Nogueira é o entrevistado do "Página Dois" desta segunda-feira. Ele aponta, ainda, como Minas Gerais pode cumprir as metas traçadas na COP 21.

Segundo ele, o documento final ficou "muito bom", se considerada a natureza do processo de tomada de decisão da ONU, baseado no consenso entre todos os países: ricos e pobres, pequenos e grandes. O objetivo é chegar ao ano de 2100 com uma elevação máxima na temperatura global de 1,5°C.

"Construir esse consenso não é uma tarefa fácil e, portanto, deve ser muito valorizado, principalmente porque as mulheres tiveram papel preponderante nesses acordos", afirma. Ele diz que a presença feminina em postos-chave trouxe ao debate algo muito sutil e interessante. "Quando a mulher diz 'eu quero cuidar dos meus filhos' é diferente de quando o homem fala 'vou cuidar das próximas gerações'. A força emocional é enorme, e a presença delas foi muito importante para costurar esse acordo".

Nogueira destaca a atuação da porto-riquenha Christiana Figueres, secretária da Convenção do Clima da ONU. "Ela viabilizou o acordo entre entidades internacionais da ONU, visitou cada uma dessas entidades".

Já a ministra do meio ambiente da França, Ségolène Royal, conta Nogueira, fez importante trabalho nos bastidores, ao lado do ministro das relações exteriores da França e presidente da COP 21, Laurent Fabius. "Figura importante no Partido Socialista francês, Ségolène trouxe a dimensão de que o meio ambiente da França tem de ser discutido em igualdade com o dos demais países".

Direitos Humanos

Outra figura destacada pelo brasileiro é Mary Robinson, ex-presidente da República da Irlanda e depois presidente da Comissão da ONU para os Direitos Humanos. "Foi ela que, na década de 90, trouxe a Declaração Universal dos Direitos do Homem para dentro da prática dos países".

O cientista rende elogios a muitas outras, inclusive à brasileira Telma Krug, que atuou na criação de normas para países inventariarem a emissão de gases do efeito estufa.

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