Multas por conversão à direita em local proibido disparam mais de 1.600% em BH

Renato Fonseca
rfonseca@hojeemdia.com.br
31/03/2016 às 19:33.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:43
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Alteração na circulação de trânsito, imprudência e desatenção dos motoristas e uma fiscalização ostensiva motivaram disparada nas multas para conversão à direita em local proibido em Belo Horizonte. O salto nas infrações foi de nada menos do que 1.685% – ou 17 vezes mais – na comparação entre o primeiro bimestre deste ano e o mesmo período de 2015.

Em janeiro e fevereiro, 2.125 condutores foram autuados contra 119 nos dois primeiros meses do ano passado. Apesar de não integrar a lista das dez principais infrações registradas na capital, o flagrante da conversão irregular foi o que apresentou maior crescimento, proporcionalmente. Em números absolutos, aparece no topo o desrespeito ao limite de velocidade, registrado pelos radares fixos.

Conversão

A manobra arriscada capaz de causar acidentes e colocar em risco a vida dos pedestres é recorrente na Praça 7, nos cruzamentos das avenidas Afonso Pena e Amazonas, desde agosto de 2015. Na época, a BHTrans modificou o tráfego na região, impedindo o movimento à direita. No local, cerca de 130 mil veículos circulam diariamente – somados os automóveis que passam pela Afonso Pena e Amazonas.

Duas placas indicando a proibição foram instaladas em cada semáforo dos cruzamentos. Porém, passados sete meses da mudança, ainda são frequentes os casos de desrespeito.

Motoristas alheios à presença da sinalização ignoram a proibição e realizam o movimento irregular. Em muitos casos, a desatenção é o motivo.

Morador do bairro Padre Eustáquio, região Noroeste de BH, o balconista Ronaldo Ribeiro, de 51 anos, tem o costume de ir de carro ao Centro. Ele confirma a distração dos condutores. “Eu fui multado aqui. Essa é uma mudança muito brusca. O trânsito é dinâmico e a gente dirige no automático nesta região. É preciso divulgar mais essa modificação”, diz.

Acertada

Para o engenheiro civil e mestre na área de transportes Silvestre de Andrade Puty Filho o número de multas não reflete a realidade. “Pode parecer elevado, mas, na verdade, é impossível flagrar todas as irregularidades. A toda hora e todo momento tem algum motorista fazendo a conversão proibida”. Segundo ele, a mudança foi necessária. “Aumenta a segurança do pedestre”, resume.

A alteração, conforme a BHTrans, integra o pacote de medidas implementadas para melhorar a mobilidade no hipercentro por meio da operação “Trânsito Melhor, Mobicentro”.

Na Praça 7 houve uma redução de três para dois nos estágios semafóricos. Na prática, o tempo de espera para a travessia de quem está a pé diminuiu.Editoria de Arte / N/A

Presença maciça da PM e da Guarda para coibir irregularidade

Além da nova sinalização, há presença maciça de agentes da Guarda Municipal e policiais militares no cruzamento das avenidas Afonso Pena e Praça 7.

Na semana passada, um fiscal da Guarda mostrou à reportagem o bloquinho com as multas. Em um intervalo de apenas 50 minutos, foram sete multas. “Impossível fiscalizar tudo. Sempre tem um carro fazendo a conversão que não é permitida. As pessoas ainda não assimilaram a mudança”, disse o agente de trânsito.

Coordenador da gerência de processamento da Guarda Municipal de BH, Adolpho Carlech diz que os flagrantes também ocorrem em outras vias da região Central e na região hospitalar, como a Alfredo Balena com Francisco Sales. Porém, ele é categórico ao afirmar que o salto nas infrações se deve majoritariamente à proibição ocorrida na Praça 7.

Antes mesmo da alteração viária, o órgão da prefeitura e a PM já mantinham fiscalização constante no trecho. “A presença física não visa multar os motoristas. Estamos neste local diariamente para orientar o tráfego, garantindo mais fluidez. Mas quando um ato de desrespeito é flagrado, o agente precisa anotar a infração”.

O assessor de comunicação do Batalhão de Trânsito da PM (BPTran), tenente Nagib Magela, também reforça que a região conta com fiscalização constante. Além disso, o militar chama a atenção para os riscos. “O perigo é maior para o pedestre. Ele sabe que naquele trecho o carro não pode virar, mas acaba sendo surpreendido e pode ser atropelado”.

Em nota, a BHTrans informou que antes de implantar as mudanças na Praça 7, distribuiu material informativo a pedestres, comerciantes, moradores e motoristas da região. O trabalho envolve ainda campanhas nos meios de comunicação, no portal da empresa, redes sociais e telefone 156 (da prefeitura).

Também foi feita a campanha “Pedestre. Eu Respeito”. Nas ações, as pessoas são abordadas e orientadas sobre a travessia segura. No entanto, novas ações educativas, diante dos flagrantes diários, não estão previstas.

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