Muros, paredes e viadutos de BH são usados para recados poéticos e políticos

Raquel Ramos - Hoje em Dia
06/10/2013 às 09:56.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:06

Na correria do dia a dia, pouca gente observa, mas mensagens poéticas ou de conscientização política, que em nada se assemelham a pichações, preenchem a paisagem de Belo Horizonte. Transformam muros, paredes e viadutos em mensageiros de um pensamento ou ideologia. E, enquanto “meio” de comunicação, extrapolam os limites das propriedades pública e privada.

Na rua da Bahia, no Centro da capital, por exemplo, um cartaz pregado no muro anuncia: “vendo a banda passar cantando coisas de amor”. O trocadilho usa o verso da canção de Chico Buarque para “brincar” com mensagens publicitárias.

A alguns quarteirões dali, outra placa comercializa a “felicidade nas pequenas coisas”. E na Praça 7, no coração de BH, um texto escrito de próprio punho defende a prisão dos envolvidos no esquema do mensalão.

Boca no trombone

“A comunicação é algo muito próprio do ser humano. Para alguns, não basta falar para os conhecidos. Eles querem colocar as suas concepções no mundo”, afirma Ricardo Ferreira Ribeiro, sociólogo e professor da PUC Minas.

Com o excesso de informações visuais, no entanto, muitas mensagens se perdem no contexto urbano atual.

De fato, pouca gente se dispõe a fazer uma pausa na caminhada para refletir sobre o protesto silencioso da Praça 7. As palavras de Chico Buarque, por si só, também não conseguiram despertar a atenção. Mas quem foi instigado a ler o anúncio gostou da experiência.

“Foi uma agradável surpresa. A frase inverte essa lógica do consumismo”, afirma a estudante Marina Marques, de 18 anos. Para Giovana Faedda, da mesma idade, não é apenas um cartaz. “Isso é arte”, diz.

Limite subjetivo

Estabelecer limites do que é arte, grafite, pichação ou vandalismo é tarefa difícil, depende da impressão de cada um, avalia o professor de arquitetura da PUC Minas Manoel Teixeira Azevedo Junior.

Mas ele vê pontos positivos nas inserções poéticas no espaço público. “Elas inserem o inusitado nessa paisagem árida. Podem até ferir algum código de postura, mas talvez seja essa a intenção. Do ponto de vista da arquitetura, não vejo prejuízos”, considera o professor.

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