Museu de cera guardado em casa na Pampulha conta história do mundo

Elemara Duarte - Hoje em Dia
17/04/2014 às 07:29.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:09
 (Eugênio Moraes)

(Eugênio Moraes)

O que Tiradentes, o papa João Paulo II, os quase dois metros de altura do general Charles de Gaulle, o insano Hitler, o lendário Corcunda de Notre Dame e até o médium José Arigó estariam fazendo debaixo do mesmo teto? O inusitado acervo em cera e tamanho natural – provavelmente o único de Minas Gerais – pertence ao empresário grego e mágico Spyridon Pinter. Depois de quase trinta anos circulando pelo Brasil, agora está aguardando parceiros para se fixar em algum espaço de Belo Horizonte.

Séculos da história do país e do mundo adormecem em uma casa no bairro Santa Branca, na região da Pampulha, há pelo menos cinco anos. Mais que alimentar a curiosidade de tirar uma foto ao lado da imagem de uma personalidade de século diferente do atual, as peças fazem as vezes de “professores” de história e de biologia.

Composto por aproximadamente 80 peças, o acervo tem esculturas de personalidades, prioritariamente da política. Cerca da metade das peças retrata cenas da anatomia, mostrando para os visitantes – na época sem YouTube ou outras explosões de imagens virtuais – como era um parto normal ou um órgão acometido por alguma doença. Bizarro, macabro e muito curioso. Como se espera, essa parte do museu era restrita aos maiores de 18 anos, lembra o empresário imigrante, hoje com 84 anos.

A inspiração para fazer as peças veio quando já trabalhava no Rio de Janeiro, como mágico, e se apresentava no luxuoso hotel Copacabana Palace e na extinta boate Night and Day, no não menos luxuoso e também extinto Hotel Serrador (ex-sede das empresas de Eike Batista).

“Um museu de cera francês estava de passagem pelo Rio de Janeiro e o empresário responsável me convidou para conhecer. Olhei as peças e vi que não era difícil de fazer”, diz Pinter, que foi artesão – hoje não se dedica mais à criação.

A casa do mágico é uma viagem ao mundo do entretenimento. Vários metros quadrados são ocupados com peças de parques de diversões, estoques de equipamentos de mágica, malabarismo e de circo – outra paixão de Pinter e da esposa, a auxiliar de palco e cantora lírica Erlinda Aguiar Pinter. É ela quem se desdobra para manter tudo em ordem, sempre com bom humor.

De cara com as “feras”

Olha o Hitler naquela sala! O ditador nazista, que se matou em 1945, no pós-guerra, repousa sem muito perigo ao lado de Getúlio Vargas (1882-1954), o presidente “baixinho”, que também encabeçou uma ditadura e ainda virou o “Pai do Povo”. Tão inofensivos... De cera, claro! Mas é esquisito demais ficar cara a cara com a marca indiscutível do bigode imponente do fascista europeu. “Na história, ele se queimou com os judeus”, comenta o proprietário.

Virgulino Ferreira da Silva, o “Lampião” (1897-1938), fica ali perto. Tão tranquilo também, ao lado de Maria Bonita, companheira de cangaço e de afeto. “Não era bandido. Era justiceiro”, considera Pinter.

Peças da cultura grega também engrossam o elenco em cera, como o general Theodoros Kolokotronis (1770-1843), líder da Guerra da Independência Grega, em 1821, e Hipócrates, considerado o “Pai da Medicina”, que teria vivido por volta do ano 300, antes de Cristo.

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