Não é possível inserir a Momo em vídeos sem deixar rastros, diz especialista

Cinthya Oliveira
18/03/2019 às 21:06.
Atualizado em 05/09/2021 às 17:51
 (Reprodução )

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Nesta segunda-feira (18), muito se falou no Brasil sobre uma suposta inserção de um vídeo com imagens da boneca Momo dentro do YouTube Kids, que é dedicado ao público infantil. O Google, dona da plataforma, afirmou que não recebeu qualquer evidência recente de algum vídeo mostrando o desafio Momo na sua plataforma de conteúdo seguro para crianças.

Mesmo assim, há quem desconfie do posicionamento da Google, acreditando que houve, sim, uma inserção de imagens da boneca-monstro no Youtube Kids. Mas é possível que esse conteúdo tenha sido exibido para crianças sem que a gestão da plataforma pudesse identificar?

Para responder a essa e outras questões, procuramos por um especialista em segurança digital. Daniel Barbosa, pesquisador de segurança da multinacional ESET, explica que não é possível para um hacker inserir as imagens da Momo em vídeos encontrados no YouTube sem deixar rastros. Caso a boneca-monstro tenha aparecido no YouTube Kids, for por meio de um vídeo fraudado, misturando imagens inocentes com outras perigosas, e classificado como conteúdo infantil no momento do upload.

Confira a entrevista com o especialista:

Há possibilidade de um hacker burlar os algoritmos de segurança do YouTube?

Por mais que o YouTube tenha algoritmos para filtrar estas ameaças, que em 99% dos casos funcionam, pode deixar passar algum conteúdo, visto que é uma plataforma digital como outras tecnologias. A ESET não possui informações sobre quais algoritmos de segurança que o YouTube utiliza. O próprio Google se pronunciou sobre o ocorrido informando que nenhuma anomalia referente ao caso foi encontrada.

 É possível que isso tenha realmente acontecido e o YouTube não tenha conseguido rastrear as imagens com a Momo?

Qualquer modificação na internet deixa rastros. Caso existissem alterações dentro da plataforma, seria possível identificá-la. Para que um conteúdo seja inserido em um vídeo, é necessário submeter um novo vídeo para o YouTube com o conteúdo modificado, isso geraria uma grande quantidade de rastros, tornando a mudança passível de identificação por parte do Google. A realidade é que esse vídeo também circulou por meio de várias pessoas, através de outras plataformas digitais como o WhatsApp e Facebook. Desta forma, o vídeo pode ter chegado à plataforma do YouTube Kids, por meio de um usuário mal-intencionado que subiu o material e categorizou para crianças.

 As pessoas têm reais motivos para temer a Momo?

A Momo, a Baleia Azul, ou quaisquer outras ações maldosas não devem ser temidas. É imprescindível que além de fiscalizar as plataformas voltadas para as crianças, os pais mantenham o diálogo e conversem com elas sobre os riscos da internet, como por exemplo, que elas podem encontrar imagens que as assustem, que não gostem, e, quando isso acontecer devem avisar imediatamente adultos ou responsáveis. Também é essencial avisar familiares e amigos sobre o conteúdo que está circulando na internet, mas não compartilhá-lo, para não ajudar a difundi-lo.

 Quais as dicas para prevenir o acesso das crianças para casos como esse?

- Ficar sempre atento às mudanças de comportamento repentinas das crianças, seja por meio de isolamento social, alterações na formas como executam certas atividades, como por exemplo, mudança na forma que assistem vídeos ou jogam, relacionamento com os pais ou amigos, como também preferir estar mais tempo sozinha.

- Limitar o acesso das crianças a dispositivos eletrônicos, como smartphones, tablets e computadores a um número adequado de horas por dia, de acordo com a idade da criança, impedindo assim problemas para o seu desenvolvimento.

- Utilizar soluções de controle parental que permitem uma gerência efetiva sobre o conteúdo acessado.

- Manter todos os softwares de proteção, como antivírus e filtros de navegação, sempre ativos e atualizados em todos os computadores, tablets e smartphones a que a criança tenha acesso.

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