‘Não tem a menor condição sobreviver com R$ 4,50 na roleta’, afirma empresário na CPI da BHTrans

Anderson Rocha
@rocha.anderson_
30/06/2021 às 16:31.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:18
 (Reprodução/ CMBH)

(Reprodução/ CMBH)

O empresário Robson José Lessa Carvalho, administrador da Saritur, uma das concessionárias que realizam o transporte coletivo em Belo Horizonte, afirmou que o atual valor da passagem (R$ 4,50) é insustentável financeiramente para as empresas. Lessa foi ouvido na Câmara nesta quarta-feira (30) pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da BHTrans, que investiga supostas irregularidades na empresa de transportes de BH.

“É um valor que não traz o equilíbrio do sistema. O sistema não para de pé com esse valor. Não tem a menor condição da gente sobreviver com R$ 4,50 na roleta, isso em situações normais, se não tivesse a pandemia. Ainda mais na situação da pandemia”, afirmou o gestor, ao responder aos questionamentos dos vereadores. 

O administrador também foi questionado sobre a afirmação do setor de que as empresas de ônibus têm um déficit mensal de R$ 70 milhões durante a pandemia de Covid-19. Lessa afirmou que a perda é “tremenda”. Segundo ele, o contrato licitado com a BHTrans, em 2008, estimava em cerca de 434 milhões de passageiros ao ano, número que foi caindo vertiginosamente até chegar a menos da metade no ano passado.

“Hoje a gente transporta bem menos. A pandemia está durando 16 meses. A cidade foi fechada quatro vezes nesse período. Nos primeiros meses de 2020, nós chegamos a transportar 30% da demanda, e tivemos, até por força de decreto, de ofertar mais viagem. (Ou seja), transportando 30%, e tivemos que ofertar 50% de viagens, o que traz eminentemente um desequilíbrio contratual tremendo. Não existe mágica, é só pegar os números”, afirmou.

Retaliação

Por fim, entre outros assuntos, Lessa comentou a afirmação do ex-presidente da BHTrans, Célio Bouzada, também na CPI, de que as empresas de ônibus “se uniram” para retaliar a prefeitura, retirando os cobradores dos veículos. Segundo Louzada, a retaliação teria ocorrido após uma consultoria ter indicado, em 2018, que a tarifa de ônibus deveria ser de R$ 6,35 em BH, valor que foi duramente criticado pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD).

“Eu posso te dizer, com toda certeza, que a fala (de Bouzada) foi infeliz e equivocada. Em momento algum houve qualquer movimento de retaliação à BHTrans, e muito menos à população de BH, sempre com muito respeito”, disse. Segundo ele, a retirada de agentes de bordo ocorreu devido a diversos fatores, incluindo a aquisição de mais automóveis em 2008, época em que, segundo Lessa, a economia estava em um “boom”.

Lessa também afirmou que a auditoria que chegou ao valor de tarifa “ideal” em R$ 6,35 foi contratada pelo município e não pelas empresas, o que mostra, na análise dele, que o sistema está deficitário. “A questão da passagem ser R$ 6,35, qualquer outra auditoria iria chegar nisso, que há um desequilíbrio”, finalizou.

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