(Samuel Costa)
Pressão, riscos, saudade e muitas aventuras. Assim é a vida dos apaixonados por caminhão que escolhem a estrada como casa. De um canto para o outro do país, eles são responsáveis por transportar boa parte dos produtos para o comércio, alimentos e matérias de base para a indústria. Porém, acabam desvalorizados pelo mercado e estigmatizados pela sociedade. Afinal, como realmente é a rotina desses trabalhadores?
Claudemir Travain, 35 anos, mora em Indaiatuba, no interior de São Paulo, mas passa boa parte do tempo pelas rodovias brasileiras. Há quase 18 anos a moradia dele passou a ser um caminhão, carregado de sonhos e da saudade da família. Incentivado pelo pai, que também era caminhoneiro, ele e os dois irmãos seguiram na profissão. No roteiro, Minas Gerais, Recife, Rio de Janeiro, Brasília e Mato Grosso do Sul são destinos constantes.
No volante durante 20 horas diariamente, seis dias da semana, Claudemir precisa viver longe da esposa e dos dois filhos para conseguir sustentá-los. "Se você não ficar na estrada, não tem faturamento", explica o autônomo. Ele é apenas um dos milhares de motoristas que trabalham com caminhões pelo Brasil.
Segundo dados da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), o país conta hoje com mais de 1,7 milhão de veículos de carga registrados. Desse total, cerca de 780 mil são dirigidos por autônomos e 924 mil administrados por empresas e cooperativas.
A estrada como grande paixão
Na boleia há quase 14 anos, o catarinense Ezequiel Ricardo, 33 anos, é outro amante das rodovias. Em Ilhota (SC), onde mora, ele passa pouco tempo, pois o seu dia a dia é mesmo pelas estradas do Sul e Sudeste brasileiro.
O motorista Ezequiel Ricardo defende que a segurança deve ser prioridade nas estradas (Foto: Samuel Costa)
Encontramos com Ezequiel no Anel Rodoviário de Belo Horizonte, onde abastecia o caminhão para seguir viagem e fazer uma entrega de carga de peixes em Ribeirão das Neves, na Grande BH. Um apaixonado pelo que faz, ele diz que não trocaria a profissão por nada, apesar dos riscos que enfrenta pelas vias.
Em 2006, o motorista sofreu um acidente na BR-470, em Santa Catarina, e, desde então, redobra os cuidados ao volante. Para sobreviver ao asfalto diariamente, Ezequiel diz que é preciso atenção e cuidado. “O caminhoneiro deve ter cautela. A carga pode ter seguro, que vai recuperá-la, mas a nossa vida não tem”, comenta.
Assim como Ezequiel e Claudemir, o mineiro José Natan, 62 anos, presidente do Sindicato da União Brasileira de Caminhoneiros, vive viajando pelo Brasil com o seu caminhão. Entusiasta do setor, no qual atua há 40 anos, ele afirma que é preciso ter o dom para trabalhar sobre o asfalto. “Se o caminhoneiro não gostar, não consegue suportar a rotina estressante”, diz.
O Portal HD pegou carona na cabine com José Natan e traz para você, em vídeo, um pouco mais sobre a vida desses profissionais. Confira abaixo algumas estórias, aventuras e também a pressão que eles enfrentam para conseguir buscar e levar as cargas pelas rodovias do país: