Nascida sem o antebraço, menina ganha prótese para realizar sonho de andar de bicicleta

Igor Patrick
ipsilva@hojeemdia.com.br
25/08/2016 às 19:47.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:33
 (Wesley Rodrigues)

(Wesley Rodrigues)

Maria Luísa Scheidegger, de 2 anos e 8 meses, sempre teve um sonho: andar de bicicleta. Mas como nasceu sem o antebraço esquerdo, ela teve que adiar essa realização. Por várias vezes, a mãe da garotinha, a auxiliar administrativo Patrícia Scheidegger, ouviu a criança questionar a situação. “Cadê a minha mão? Por que não tenho uma?”.

Patrícia ainda achava que era muito cedo para procurar uma prótese e não sabia por onde começar. Há cerca de dois meses, porém, a esperança de ver a menina pedalar se segurando no guidão começou a virar realidade. Em um passeio pelo Mercado Central de BH, mãe e filha conheceram o aposentado Rubens Cândido Lopes.

O homem intermediou o contato das duas com o filho dele, o engenheiro mecânico Daniel Lopes, de 28 anos. Formado no Instituto de Tecnologia de Aeronáutica (ITA), o jovem mineiro fez parte da primeira turma do programa Ciência sem Fronteiras e estudou em 2012 no conceituado Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA, considerada a melhor universidade de tecnologia do mundo. Lá, realizou trabalhos com a impressão 3D e produziu um protótipo para uma feira de ciências do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet).

Uma prótese comum custa no mercado cerca de R$ 12 mil; a peça criada na impressora 3D saiu por R$ 1 mil

pequena Maria Luísa. “Foi muito rápido, em um mês tiramos as medidas e identificamos um projeto chamado RIT Arm, desenvolvido por uma ONG que trabalha com próteses no mundo todo. Depois customizamos e criamos a da Malu”, conta o engenheiro. A peça foi produzida com PLA, um plástico feito a partir do álcool de milho.

“Quando entrei na faculdade, em 2009, nem imaginava que iria trabalhar com impressora 3D fazendo prótese para uma criança. É uma satisfação muito grande, pois é para isso que nos formamos, para tentar reverter o conhecimento que recebemos para a melhoria da vida das pessoas”, alegra-se Daniel.

Primeiro contato

Ontem, a prótese foi entregue no chamado Laboratório Aberto, espaço colaborativo de novas ideias localizado no Centro de Inovação e Tecnologia (Cetec). A adaptação com a peça deve levar pelo menos um mês. Os primeiros resultados, porém, já foram percebidos. Alheia à movimentação dos engenheiros, a pequena desenhava em uma mesinha. Firmou o pincel com a nova mão mecânica fechada, puxou a ponta e foi rabiscar.

A menina, que mora no Pará, deve vir a BH uma vez por ano para ajustar o equipamento conforme ela vai crescendo. “Vai ser importante não só pela bicicleta, mas também para aumentar a segurança e a autoestima dela”, diz Patrícia.

Futuro

O projeto já chamou a atenção de grandes empresas. Com filial instalada no Cetec, a Embraer, uma das maiores fabricantes de aviões comerciais do mundo, se interessou e já está conversando com Daniel. A ideia é fabricar mais peças e doar para crianças carentes.

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