'Nosso consultório é na rua', diz psicóloga que atende famílias em Brumadinho

Lucas Eduardo Soares
06/02/2019 às 18:11.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:25
 (Flávio Tavares/ Hoje em Dia )

(Flávio Tavares/ Hoje em Dia )

A tragédia que já deixou ao menos 150 pessoas mortas após o rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, no último dia 25, "obriga" psicólogos e voluntários a prestarem apoio em domicílio. Atendimentos psicológicos, por exemplo, são oferecidos de porta em porta com o intuito de acolher e escutar pessoas que tiveram danos - alguns deles, irreparáveis.

A psicóloga Maria Clara Aguiar, de 30 anos, deixou o marido e outros familiares em Belo Horizonte para dedicar-se, de maneira voluntária, ao atendimento no bairro Parque das Cachoeiras, zona rural de Brumadinho. A localidade foi parcialmente destruída pelo mar de lama. 

Nas casas ou na "base" montada perto da igreja do bairro, Maria Clara procura entender como os moradores estão de saúde, se estão se alimentando corretamente e, até mesmo, se as vacinas estão em dia. "Em seguida, converso para saber como eles estão mentalmente. Seja aqui ou em suas casas. Nosso consultório é na rua", diz.

Para o psicólogo Victor Polignano, de 23, o consultório, no início, foi na Estação do Conhecimento - espaço criado pela Vale para dar informações, a princípio, de pessoas desaparecidas. "Cheguei no sábado, um dia após ao rompimento, e fiz um plantão de 32 horas, sendo que consegui dormir apenas quatro dessas", lembra.

O trabalho de Victor também passa pelo acolhimento, de casa em casa, e pelo plantão no local onde estão concentrados os profissionais plantonistas. No entanto, ele faz uma análise que é importante para o trabalho de saúde mental. "Vários desaparecidos são tidos, pelos próprios familiares, como mortos. Do ponto de vista psicológico, a esperança diminuiu", comenta. 

Trabalhos 

Por dia, cerca de 30 profissionais chegam, em delegação, a Brumadinho. De acordo com Guilhermina Abreu, 25, uma das organizadoras do grupo, além do Parque das Cachoeiras, os atendimentos também são feitos no Córrego do Feijão e no Tejuco, por exemplo. Ela é empreendera social na ONG Nação.

"É impossível contar quantas pessoas são atendidas, afinal, somos parados o tempo todo. O que a gente quer é permanecer com esse serviço e não deixar que a cidade seja esquecida, como Mariana foi", diz.

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