Nove meses após rompimento de Fundão, em Mariana, Samarco ainda trabalha em ações emergenciais

Alessandra Mendes
amfranca@hojeemdia.com.br
04/08/2016 às 19:18.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:10
 (Eugênio Mores/Arquivo Hoje em Dia)

(Eugênio Mores/Arquivo Hoje em Dia)

Exatos nove meses após o maior desastre ambiental do país, e ainda sem uma previsão de quando efetivamente o rompimento da barragem de Fundão estará controlado, as atenções ainda estão voltadas para a implementação de ações para evitar mais danos. O foco principal é a contenção dos rejeitos que vazaram da barragem e ameaçam a estrutura da Usina de Candonga. Para chegar a esse objetivo, seria necessária a construção de diversas estruturas ao longo do trecho afetado, incluindo uma que é alvo de polêmica entre as partes e que agora tem a possibilidade real de ser viabilizada.

A mineradora Samarco está mais perto de conseguir construir um dique para contenção de rejeitos que vazaram da barragem de Fundão, em Bento Rodrigues, distrito de Mariana. A estrutura ficaria exatamente no vilarejo que foi devastado pela lama, o que causou indignação nos antigos moradores do local. A empresa já tem um parecer positivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que chegou a vetar a construção do empreendimento. Agora, a Samarco precisa apenas do aval do órgão ambiental estadual para erguer a estrutura.

De acordo com nota encaminhada pelo Iphan, “não cabe ao Instituto autorizar ou não a execução de obras no distrito de Bento Rodrigues, pois na área em questão não existem bens acautelados em nível federal”. Em documento encaminhado para a empresa, que entrou com recurso administrativo após a primeira resposta negativa do órgão, ainda está relatado que não há processo de tombamento aberto, ou solicitação de proteção recebida pelo Iphan para a área.

Dezenove pessoas morrreram em decorrência do rompimento da barragem de Fundão no dia 5 de novembro de 2015

Avaliação

A análise da viabilidade de instalação de um dique em Bento Rodrigues já está em curso. A assessoria de imprensa do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema) informou que ainda não tem uma previsão de quando o parecer sobre a documentação relacionada à estrutura, protocolada pela Samarco nesta semana, estará pronto.

A mineradora alega que considera a construção do dique fundamental para a contenção de sedimentos e melhoria permanente da qualidade da água. Essas e outras ações foram apresentadas pela empresa aos órgãos públicos durante uma reunião, na semana passada. 

Fiscalização

“O desafio agora é o cumprimento de tudo o que foi proposto. Estamos falando de ações que serão feitas em período chuvoso. Não tem como saber se é suficiente para conter, por isso vamos estudar tudo que foi apresentado a fundo e realizar acompanhamento e fiscalização constantes”, ressalta o superintendente do Ibama em Minas, Marcelo Belisário. Em setembro, técnicos do Ibama vão realizar uma vistoria nos pontos onde há acúmulo de rejeitos. 

Além do dique S4, outros três serão construídos ao longo do rio Gualaxo do Norte com os mesmos objetivos e já estão em andamento as obras do Eixo 1 e Nova Santarém, estruturas definitivas para a contenção do rejeito remanescente na área de Fundão.

Como e quando desastre será controlado ainda são questões que precisam ser respondidas

O tempo gasto para conter os impactos causados pelo rompimento da barragem em Bento Rodrigues é considerado elevado pelo chefe do Ibama em Minas. Para Marcelo Belisário, assim como foi traçado inicialmente, o problema deveria estar controlado antes do período chuvoso, que começa em outubro. O que não vai acontecer.

Belisário participou da reunião na semana passada com representantes das empresas responsáveis por Fundão e não conseguiu respostas para as duas perguntas mais importantes neste momento: como e quando o evento do rompimento estará controlado.

“O que conseguimos foi algum avanço no sentido de como isso será feito, que são ações apresentadas pela empresa, mas ainda não conseguimos saber quando isso deve terminar. Só após todo esse processo é possível pensar em recuperação para a área atingida”, ressalta Belisário.

A Samarco alega que definiu um plano detalhado para a contenção dos rejeitos que vazaram de Fundão e que foi intensificada, no início do mês passado, a dragagem do lago da Usina Hidrelétrica Risoleta Neves (Candonga).

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