Um radar capaz de identificar veículos acima de cinco toneladas começou a funcionar ontem na avenida Nossa Senhora do Carmo, altura do bairro Belvedere, Região Sul de Belo Horizonte. O novo equipamento, que foi testado nos últimos dois meses, foi bem recebido pelo Ministério Público e moradores, mas eles acreditam que ainda não é o suficiente para acabar com os acidentes.

O gerente de Coordenação e Operação da BHTrans, Fernando Pessoa, disse que o radar, que não emite alerta de perigo, foi aprovado sem problema. “É mais uma ferramenta para combater os motoristas que ignoram a sinalização. Durante o teste chegou a flagrar alguns veículos, que foram barrados pelos nossos agentes”, afirmou.

O equipamento consegue identificar os veículos pesados e, em seguida, dispara as fotos e identifica os infratores pela placa. “Já temos um radar parecido com esse na mesma via. Só que ele funciona identificando os carros leves que avançam para as faixas exclusivas para ônibus”, disse Pessoa.

Para o engenheiro especialista em tráfego e coordenador do Movimento de Associações de Bairros Contra o Trânsito de Carretas na avenida Nossa Senhora do Carmo, Aloísio de Araújo Prince, a iniciativa é insuficiente. “Ajuda de certa forma. Mas seria interessante que o radar ficasse mais acima e não onde foi instalado. A cada três meses nos reunimos com a BHTrans, polícias e Dnit. Vamos pedir a criação de um ponto de fiscalização entre o Anel Rodoviário e o trevo do BH Shopping”, afirmou.
 
Placas "pesadas"
 
Prince acredita que as placas indicativas precisam ser mais "pesadas". “Precisam mostrar o perigo de circular com veículos pesados na avenida. Tem de falar que vidas humanas correm risco. Talvez assim as coisas mudem”, observou.

A Promotoria de Defesa do Patrimônio Público investiga, há seis meses, as falhas na fiscalização que causaram acidentes envolvendo veículos com carga acima de cinco toneladas nos últimos cinco anos.

O promotor Geraldo Ferreira da Silva percebeu falta de sinalizações mais fáceis de serem visualizadas. “Deveriam colocar mais placas sobre as vias e não nas laterais. Assim não tem como o motorista dizer que não viu e poderá responder por crimes com dolo, quando assume o risco de ferir ou matar”.

Para o consultor de trânsito Silvestre Andrade, a BHTrans fez o que estava a seu alcance e afirmou que uma fiscalização humana na BR-356 seria ideal. “A BHTrans não tem autorização para colocar um radar na rodovia. A rodovia é federal, com fiscalização estadual e no perímetro urbano. Precisam fazer um acordo e, assim, deixar agentes fiscalizando o trânsito de veículos pesados”, ressaltou.

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