O desafio de se julgar um homicídio sem corpo

Ludmila Azevedo - Do Portal HD
14/11/2012 às 17:09.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:17

 

    Final da década de 30. Dois irmãos e um primo são sócios em um negócio. O primo desaparece misteriosamente e os irmãos, que comunicaram o fato à polícia, acabam virando principais suspeitos de morte e ocultação de cadáver. Forçados a confessar um crime que não cometerem, são julgados. Um deles morre na cadeia. Anos depois, o primo reaparece. A história verídica dos irmão. Naves aconteceu em Araguari, no triângulo mineiro. Inspirou o cineasta paulistano Luis Sérgio Person e virou um exemplo clássico no Direito brasileiro.   É perigoso julgar um homícidio sem o corpo? O advogado Alaor de Almeida Castro acredita que sim. "É possível que se cometa uma grande injustiça. É complicado tanto para quem acusa quanto para quem defende o réu, pois a morte não foi comprovada e o júri tem o peso de decidir sem uma certeza". Ele explica, no entanto, que são aceitas as chamadas provas indiciárias que precisam ser consistentes para sustentar os argumentos dos advogados. "O Estado tem que estar bem aparelhado para julgar fatos como o do goleiro Bruno, pois o jurado é transformado em juiz da investigação; é um julgamento de valor dos fatos", afirma Castro.     Acompanhando o destino de Bruno Fernandes pela imprensa, o advogado pondera que a grande repercussão da morte e desaparecimento de Eliza Samudio podem pesar sobre o goleiro. "Esse clamor da mídia pode ser terrível e o acusado chega ao julgamento condenado. Há um pré-juizo formado que é muito preocupante", diz. Para finalizar, Alaor de Almeida Castro, lembra que estamos vivendo no país um momento republicano bem interessante que contrapõem as garantias individuais às pressões midiáticas - referindo-se ao Mensalão. São necessários os dois pesos e as duas medidas como reza a justiça.

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