O que é dietilenoglicol? Saiba como a substância é usada

Anderson Rocha
arocha@hojeemdia.com.br
10/01/2020 às 12:28.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:15
 (Reprodução/ Pixabay)

(Reprodução/ Pixabay)

A substância química dietilenoglicol (DEG), encontrada no sangue de pelo menos dois dos oito homens hospitalizados em Minas - também presente em lotes da cerveja Belorizontina recolhidos nas casas dos pacientes - não poderia estar na composição da bebida. Ela é altamente tóxica.

Quem explica é Bruno Gonçalves Botelho, professor de Química da UFMG. De acordo com o especialista, a solução tem um uso industrial muito comum em fábricas que precisam refrigerar máquinas durante o processo de produção. Outro exemplo é a utilização em radiadores automotivos: o chamado líquido de arrefecimento resfria o funcionamento do motor.

Em cervejarias, o fluido, composto por água e DEG, circula pela parede externa do tanque de fermentação, resfriando o conteúdo interno. Isso é necessário porque a temperatura da cerveja durante a fermentação tem que ser mantida baixa, entre 8 e 10 graus. "Ou seja, é um uso indireto. Em nenhuma etapa, o DEG é misturado ao alimento, pois é considerado tóxico. Ele não tem função saborizadora, espessante ou adoçante. Ele não é regularizado como aditivo", explicou.

A molécula de dietilenoglicol é vendida por indústrias já sintetizada. Além de baixar a temperatura, serve como anticongelante. A água, por exemplo, congela a 0 graus. "Se eu misturo DEG com água, consigo fazer com que esse líquido permaneça nesse estado físico em temperaturas mais baixas, tornando o processo de refrigeração mais eficiente", afirmou.

Caro e substituível
Para o presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), Carlo Lapolli, o aparecimento do dietilenoglicol dentro das garrafas é um mistério, já que a maioria das produtoras artesanais de cerveja não utiliza o produto. "Pode ser usado nas serpentinas do lado de fora do tanque da cerveja como anticongelante. Mas, por ser um produto caro e substituível por álcool etílico puro, as pequenas produtoras geralmente optam por não usar", explica.

Segundo ele, um eventual vazamento nessas serpentinas é facilmente percebido e, se contaminasse a quantidade de bebida que fica nos tanques, dificilmente seria em quantidade suficiente para causar as consequências vistas. (Com Daniele Franco)

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