O que a folia une, nem a corda separa na explosão de alegria; em BH todo mundo é 'pipoca'

Alexandre Simões
@oalexsimoes
24/02/2020 às 18:20.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:44
 (Alexandre Simões)

(Alexandre Simões)

A campanha “Não é não”, a defesa das diferenças e dos movimentos sociais, o caráter feminista e o combate à intolerância fazem do Carnaval de Belo Horizonte uma festa pautada pelo limite. Mas na folia há outro: a corda.

Sim, ela está presente em todos os desfiles, mas nos grandes, como no Havayanas Uzadas, na tarde desta segunda-feira (24), na avenida Andradas, Zona Leste da cidade, ela é o acessório mais marcante.

Imposição dos órgãos de segurança, pois todo veículo motor precisa estar cercado garantindo a ele um espaço, ela é o único limite entre o folião e o bloco, já que no Carnaval de BH não há espaço reservado para quem paga por um abadá. Na capital, todo mundo é pipoca.Alexandre Simões

Os grandes blocos exigem toda uma estrutura de segurança, feita por cordas, isolando os trios dos foliões

Mas se engana quem imagina ser o limite imposto pela corda algo ruim, pois ela é aprovada até por quem vem de longe curtir o Carnaval da capital.

“Minha irmã e eu viemos de Fortaleza. Lá, não tem Carnaval de rua como este. É a terceira vez que venho. Todo dia vou a um bloco. E meu lugar é sempre grudada na corda. Chego cedo para garantir uma posição, pos ela garante tranquilidade na folia, passa segurança”, afirma Rocilda Silva, que está na cidade com a irmã Geane.Alexandre SimõesAs irmãs Rocilda e Geane vieram de Fortaleza e curtem a folia dos grandes blocos de Belo Horizonte sempre perto da corda de segurança

Próximas a elas, as amigas Juliane Souza, Cinthia Joseane Barbosa e Marli Silva também curtem a folia margeadas pela corda. “É o melhor que está tendo. É tranquilo, sem problema algum e o pessoal da segurança, que puxa a corda, é muito educado. A coisa é feita com cuidado e passa segurança para a gente”, revela Juliane.

Se para o folião a corda é sinônimo de segurança, por mais que determine distância, para quem faz a segurança dos blocos a tarefa de segurar e puxar a corda é desgastante.

Relação

“A relação do folião com a corda é super tranquila. Podemos dizer que não temos problema. Ela é uma exigência dos órgãos de segurança. Assim, o trio, a bateria e os passistas precisam estar isolados por cordas. E precisamos ainda de uma maior, que abranja toda a estrutura do bloco. Em determinados momentos, quando está tranquilo, até deixamos o pessoal cruzar de um lado para o outro, passando por baixo da corda”, explica Mário Lúcio Ramos, que comanda a segurança no Havayanaz Uzadas e em vários outros grandes blocos de Belo Horizonte, como Juventude Bronzeada, Toca Raul e o Tchanzinho Zona Norte.

Depois de mais de cinco horas de desfile do Havayanaz Uzadas, ficou evidente que a corda está longe de ser um limite para a interação entre o bloco e a multidão que fez a festa na avenida Andradas. Ela era mesmo apenas um acessório.Alexandre Simões

Mário Lúcio, de camisa preta, controla a corda do Havayanas Usadas ao lado das amigas Juliane, Cinthia e Marli

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