Ocupações pedem realocação de 4 mil famílias na Grande BH

Hoje em Dia
24/09/2014 às 19:46.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:20
 (Luiz Costa/Hoje em Dia)

(Luiz Costa/Hoje em Dia)

Os moradores das ocupações urbanas de Belo Horizonte e região Metropolitana irão se reunir com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para tentar renegociar medidas para a realocação das 4 mil famílias. Segundo um dos representantes do movimento, Leonardo Péricles, donos dos terrenos invadidos teriam sugerido uma locação temporária para apenas 800 famílias. O local teria um espaço médio de 60m². “É pouco espaço para as famílias. O número de contemplados também é baixo e não atende nem a metade dos moradores”, explicou.    Pelo cadastro realizado pelo MP, cerca de 3 mil famílias precisam de auxilio para a habitação. O objetivo do encontro, de acordo com as lideranças dos movimentos sociais, é ampliar o número de pessoas assistidas e as formas de atendimento permanente. A reunião de mediação acontece, nesta quinta-feira (25), às 14h, na sede do Ministério Público.    Nesta quarta-feira (24), integrantes de 12 ocupações urbanas fizeram protesto em diversos trechos de Belo Horizonte, Contagem e Ribeirão das Neves, na região Metropolitana da capital. Com o ato denominado "Despejo Zero", os manifestantes exigem o fim das ordens de despejo e pedem ainda que o Governo de Minas participe das negociações com a categoria.   A intenção dos integrantes das ocupações, conforme Lacerda Santos, da Ocupação William Rosa, era impedir o tráfego em outros trechos da capital mineira. "Minas Gerais convive hoje com cerca de 270 Liminares de reintegração de posse no campo e na cidade. Os despejos são formas brutais de apropriação dos territórios dos pobres pelos latifundiários e empresários, que especulam lucros exorbitantes à custa da carência habitacional e da falta de terras disponíveis para a construção de uma vida digna", disse o integrante do movimento Brigadas Populares, Rafael Bitencourt.     Participaram do protesto integrantes das ocupações Rosa Leão, Esperança, Vitória, Dandara, São Lucas, Nelson Mandela I, Eliana Silva e Nelson Mandela II, de BH, Guarani Kaiowá e William Rosa, de Contagem, Tomás Balduíno I, de Neves, Dom Tomás Balduíno II, de Betim, e do bairro Nossa Senhora de Fátima, de Nova Lima.   Por meio de nota, o governo de Minas informou que o Estado não é autor de nenhuma das ações de reintegração de posse das áreas apontadas pelos manifestantes. "Os processos envolvem o Governo Federal e as prefeituras municipais, e os despejos são determinados pelo Poder Judiciário. Independentemente disso, o próprio governador e representantes das Secretarias de Estado de Defesa Social, Desenvolvimento Social e Desenvolvimento Regional e Política Urbana, da Advocacia Geral do Estado, Defensoria Pública e Polícia Militar se reuniram por várias vezes com representantes das ocupações no intuito de colaborar com as negociações e para que houvesse uma solução pacífica sobre as áreas invadidas da Região Metropolitana de Belo Horizonte", diz trecho da nota. O próprio governador à época participou de uma das reuniões.   Ainda conforme o Estado, com o apoio do governo foram acordadas a realização de cadastro das famílias que se encontram nas ocupações, vistorias para delimitação da área da reintegração e a busca de alinhamento junto às prefeituras com relação às políticas habitacionais municipais. "Todas as tratativas possíveis ao Executivo Estadual foram realizadas, de maneira transparente e democrática, para que o processo transcorresse da melhor forma a todas as partes envolvidas".   Com relação à função da Polícia Militar, de cumprimento de mandado pela Justiça para que se dê a reintegração de posse, a PM reafirma o compromisso de observar as normas técnicas do Ministério Público no sentido de que eventuais desocupações não serão feitas sem a adequada notificação dos afetados, além de garantir sua atuação de acordo com os princípios fundamentais dos direitos humanos, especialmente na preservação da integridade física e mental de todos.   Trânsito   Por causa dos atos, o trânsito em BH ficou caótico durante boa parte da manhã desta quarta-feira. Um dos protestos ocorreu na Praça São Vicente, bairro Padre Eustáquio, região Noroeste. Manifestantes atearam fogo em pneus e impediram o tráfego de veículos. Ainda na capital, o trânsito foi fechado na avenida Cristiano Machado, próximo da Linha Verde. Lá, os integrantes das ocupações também colocaram fogo em pedaços de madeira e pneus. Por questão de segurança, todas as lojas do Shopping Estação, que fica na via foram fechadas. O comércio voltou o funcionamento normal no início da tarde.    A avenida Antônio Carlos, na altura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e a Estação Diamante, no Barreiro, também foram alvos dos protestos dos moradores das ocupações. Em Contagem, o ato ocorreu na avenida Severino Ballesteros, no bairro Ceasa. Um dos acessos ao município de Ribeirão das Neves também chegou a ser fechado por causa do ato. 

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