Oito golpes virtuais por dia em Belo Horizonte

Renato Fonseca - Hoje em Dia
20/06/2014 às 07:36.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:04
 (Luiz Costa/Hoje em Dia)

(Luiz Costa/Hoje em Dia)

Designer de moda, Fernanda Girundi Machado de Matos, de 23 anos, desenhou o próprio vestido de noiva. Feita em cetim e bordada com cristais, a roupa foi avaliada em US$ 3 mil (cerca de R$ 6.700). Em maio deste ano, ela anunciou a venda da peça pela internet, e uma inglesa enviou proposta por e-mail.    Após trocarem mensagens eletrônicas, Fernanda ficou comovida com o relato da mulher – que iria doar o vestido para uma nigeriana –, e despachou a roupa pelos Correios. Porém, por trás da suposta boa ação estava uma fraude, e a designer não recebeu um centavo. Prejuízos como o dela ou ligados a compras indevidas com cartão de crédito, via internet, rendem perdas de US$ 150 bilhões à economia global, a cada ano.   O levantamento está em um relatório publicado pelo Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais. A pesquisa não estima as perdas no território nacional, mas reforça o crescimento acelerado dos crimes cibernéticos. Em Belo Horizonte, as estatísticas disponíveis também preocupam.   Nunca tantas pessoas procuraram a polícia para denunciar sites fraudulentos, invasão de contas bancárias e crimes contra a honra na web. Por dia, oito boletins de ocorrência são gerados na Delegacia Especializada em Crimes Virtuais, no bairro Carlos Prates, região Noroeste. De janeiro ao início de junho, foram registradas cerca de mil queixas.   Crimes como o sofrido por Fernanda são classificados como furto mediante fraude, e a pena mínima prevista é de dois anos. O delito, ao lado do estelionato e crimes contra a honra, está entre as principais ocorrências atendidas na delegacia. “Claro que os bandidos têm agido bastante, mas as pessoas também estão mais informadas, dispostas a denunciar e a exigir seus direitos”, afirma a delegada Paloma Kairala.   Só na delegacia de BH, da qual ela é um dos responsáveis, há um acumulado de 850 inquéritos em aberto. “A investigação é muito complexa, pois envolve uma série de fatores e tende a demorar. A tecnologia, infelizmente, é uma aliada do criminoso, que está cada vez mais ousado e sofisticado. O bandido, quase sempre, usa dados falsos ou até mesmo laranjas para favorecer os ataques virtuais e despistar a polícia”.   Treinamentos para agilizar e aprimorar o processo de investigação têm sido feitos. O principal deles foi a criação, há pouco mais de um ano, de um laboratório para orientar delegados de outras cidades. A unidade funciona em BH e busca otimizar o trabalho no interior do Estado.   Redes sociais favorecem crimes contra a honra   A difusão das redes sociais também favorece o aumento dos crimes contra a honra, como calúnia e difamação. A troca de arquivos de textos, fotos e vídeos instantâneos, facilidades oferecidas pelo Facebook e WhatsApp, tem se transformado em dor de cabeça para muitas pessoas.   “Praticamente todos os dias temos uma queixa de violação da privacidade. São mulheres que tiveram fotos ou vídeos vazados na internet e, quase sempre, por um ex-companheiro”, conta a delegada Paloma Kairala.   Prevenção   Atuando há sete anos como consultor em segurança da informação, Rodrigo Santana reforça a necessidade da prevenção. “Não se expor, estar sempre mudando a senha do e-mail e nunca abrir qualquer e-mail com conteúdo duvidoso”, alerta.

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