Onda de assaltos amedronta motoristas do Uber; só no fim de semana foram três casos

Renata Galdino
rgaldino@hojeemdia.com.br
01/02/2017 às 07:56.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:39

Motoristas do Uber que atuam na capital estão na mira de ladrões de carro. A Polícia Civil investiga uma série de roubos a esses condutores. Apenas no último fim de semana foram pelo menos três ocorrências, todas com corridas iniciadas na avenida Guarapari, na Pampulha. O destino dos criminosos foi o mesmo: o bairro Rio Branco, em Venda Nova. Com medo, parceiros do aplicativo mudaram a rotina e há quem pense em desistir de rodar pela plataforma.

Dois homens e duas mulheres são suspeitos dos assaltos. Conforme os boletins de ocorrência, eles agem em trio, sempre depois das 22h. “Assim que deixei um passageiro na Guarapari, um rapaz perguntou se eu era Uber. Eu disse que corrida, apenas pelo aplicativo, mas ele mostrou a arma e duas moças entraram. Eles indicaram por quais ruas passar, até chegar ao Rio Branco”, contou Rogério*, motorista atacado na última sexta-feira.

“O bandido veio atrás de mim, com a arma em punho. Tinha certeza que ele iria atirar. Virei e falei ‘leva o carro’. Ele voltou, entrou no carro e saiu. Corri pedindo ajuda” João*, motorista assaltado em 28 de janeiro 


foram mandando seguir para o Rio Branco. Na hora imaginei o pior”.

O assalto foi anunciado na rua Pedra de Marte. O suspeito mandou João sair do carro. “Comprei o Prisma em dezembro e comecei a rodar no início deste mês, nem paguei a primeira parcela. Essa tragédia foi um balde de água fria. Nem sei se continuo no aplicativo”, lamentou.

Abordagens
Os roubos não se limitam a ação dos supostos passageiros. Carros do aplicativo também estão sendo abordados por outros veículos nas ruas da cidade. No dia 22, Antônio Ramos Martins, de 52 anos, foi fechado por um automóvel na avenida Otacílio Negrão de Lima, também na Pampulha. “Mandaram eu sair do carro. Quando um deles entrou no veículo, vi que fixou o olhar na Bíblia que tenho. Sem falar nada, ele foi embora”.

Antônio deixou de rodar à noite. “Policiais disseram que há uma quadrilha especializada em roubar carros do Uber. Eles devem ter visto o celular no painel e deduziram que eu era do aplicativo”.

“Dirigi por 15 minutos com a arma na minha cabeça. Não tenho mais interesse em trabalhar no Uber” Rogério*, motorista assaltado em 27 de janeiro 


A Delegacia Especializada de Investigação a Furtos e Roubos de Veículos informou, por meio da assessoria, que diligências estão sendo realizadas para identificar os suspeitos de envolvimento nos roubos. Em nota, o Uber disse que não iria comentar os casos relatados na reportagem.

Chefe da Sala de Imprensa da PM, major Flávio Santiago garantiu que as áreas onde os roubos foram registrados estão sendo mapeadas. “Estamos alocando recursos para reduzir os crimes. Quando o policial, em blitz, identifica o serviço prestado por aplicativo, a identidade do passageiro também é checada para dar segurança ao motorista”.

*Nomes fictícios a pedido dos entrevistados, que temem a retaliação dos bandidos

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