ONG de BH auxilia cidades pequenas a transformar as próprias realidades

Patrícia Santos Dumont - Hoje em Dia
21/06/2015 às 08:34.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:34
 (Júlia Duarte)

(Júlia Duarte)

Por traz de todos eles, o desejo comum de transformar pequenas atitudes em grandes resultados. Não importa de onde as mudanças venham: querem ver pessoas, comunidades, cidades, um país inteiro e até o mundo se renovar.
 
Colaboradores, associados, mobilizados por mudança social, os membros da ONG Nossa Cidade, sediada em Belo Horizonte, uniram-se pelo sonho maior de proporcionar mais qualidade de vida e prosperidade a moradores de cidades pequenas. E vêm colhendo resultados.
 
Com uso de tecnologias sociais, como são chamados os métodos usados para resolver os problemas, o grupo tem percebido impactos importantes na vida de centenas de pessoas. “Acreditamos que para a cidade se apropriar das soluções e fazer as coisas sozinha, é preciso apoiar com conhecimento, talentos e recursos. A ideia é fazer com que as próprias pessoas multipliquem resultados”, explica o presidente da associação, Renato Orozco.
 
MUTIRÃO
 
Em Raul Soares, na Zona da Mata, uma parcela importante dos 24 mil habitantes se reuniu, durante cerca de dois meses, não somente para propor, mas para executar as mudanças que desejavam ver acontecer. Os resultados foram mais do que uma ponte pintada ou algumas mudas de árvores plantadas num lote abandonado. Representaram, principalmente, uma nova maneira de convivência e de como enxergar o local onde vivem.
 
“O principal objetivo é sacudir a poeira das relações e mostrar que é possível, na prática, pôr a mão na massa e correr atrás daquilo que se deseja”, detalha o “poeta empreendedor”, como se identifica, Nuno Arcanjo, associado da Nossa Cidade, um dos colaboradores da ação realizada no município. Por lá, o Jogo Oásis foi o catalizador da mudança. Trata-se de uma mobilização social – com iniciativas bem-sucedidas em várias partes do Brasil – que consiste em projetar um desafio e executá-lo com a participação de todos.
 
ORGANIZAÇÃO
 
Apaixonada pela causa social, a professora universitária Mariana Mayumi também foi além. Utilizou os conhecimentos em administração para ensinar e colocar ordem na associação de catadoras e triadoras de materiais recicláveis de Florestal, na região Central do estado. Em parceria com a Nossa Cidade, instruiu as nove mulheres da Astriflores a se organizar melhor para, no futuro, colher os resultados.
 
“A partir da demanda, vislumbrei que poderia trabalhar com elas uma gestão colaborativa para que consigam se organizar melhor. Paralelamente, difundi a consciência de outros grupos sobre a importância e os valores daquela associação”, diz Mayumi. A Nossa Cidade está presente em 22 cidades.
 
Produção sustentável de hortaliças na metrópole
 
“Sustentabilidade do planeta e responsabilidade social” é o lema do funcionário público Júlio Bernardes. Idealizador e gestor da Comunidade que Sustenta a Agricultura em Belo Horizonte (CSA-BH), ele é um dos 75 associados da Nossa Cidade espalhados pelo Brasil.
 
Criada no Japão há 45 anos, a CSA foi implantada na capital mineira em janeiro deste ano, e funciona mais ou menos como uma horta comunitária e colaborativa. É um incentivo à transformação do modo de pensar e agir das pessoas da cidade grande.
 
“Queremos aumentar a produção de orgânicos, reduzir o custo, manter o agricultor no campo e colaborar para a sustentabilidade. A gente acredita que está conseguindo construir uma sociedade mais justa e contribuindo para melhorar a saúde das pessoas e do planeta”, defende Júlio.
 
Ao todo, já são 65 coprodutores de BH e um de Nova Lima, que apostam no novo modelo de produção pra ter certeza do que levam para casa. A produção funciona da seguinte forma: cada coprodutor contribui com R$ 100 mensais e recebe, ao fim de cada semana, uma cesta com os produtos colhidos na horta. A plantação é mantida por um produtor parceiro, que reserva parte do próprio terreno ao cultivo das hortaliças.
 
A primeira CSA do Brasil funciona desde 2012, em Botucatu (SP), onde 14 agricultores produzem para cerca de 400 famílias.
 
Minas adere a ações que estimulam ‘projetos brilhantes’
 
Por uma ideia incrível, um prêmio. A filosofia, simples e descomplicada, tem como objetivo dar um empurrãozinho nos empreendedores que querem fazer a diferença com um projeto brilhante. Presente em 18 países, a Awesome Foundation (Fundação Irada – Incrível, na tradução para o português) chegou a Minas Gerais pelas mãos do fundador da ONG Nossa Cidade, Renato Orozco.
 
“É um projeto independente de qualquer outro, mas com um mesmo fim: o ‘empoderamento’ das cidades. O que queremos é que as iniciativas virem realidade, é dar um forcinha para que isso aconteça. Nosso objetivo é fazer de Minas um lugar mais incrível”, detalha.
 
Uma vez ao mês, os dez curadores, como são chamados os membros da associação, reúnem-se na capital para votar no site aquele projeto que, dentre os inscritos, faz os olhares brilharem. O vencedor leva o prêmio de R$ 1.500, resultado da doação de R$ 150 por cada um deles.
 
“Pode parecer pouco, mas é um incentivo para que aquilo vá para frente”, explica a palestrante, educadora criativa e gestora de projetos, Alessandra Alkimim, uma das curadoras.
 
PRECURSORES
 
Vencedor da primeira “eleição” em Minas, o administrador Wellington Santos, de 28 anos, é de Poços de Caldas (Sul de Minas). Ele dará prosseguimento a um torneio de robótica entre estudantes do ensino médio de escolas públicas.
 
O torneio é uma das ações de um projeto que trabalha o empreendedorismo. “Queremos mostrar que existe um mundo além daquilo que aprendem na escola. O prêmio vai viabilizar a logística do torneio”, diz Wellington.

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