Operação prende 25 agentes das polícias Civil e Militar por participação em máfia de caça-níqueis

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
09/11/2020 às 15:09.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:59

Catorze militares e 11 policiais civis foram presos na manhã desta segunda-feira (9), durante a operação Hexagrama – Fase III, que investiga uma organização criminosa especializada em jogos de azar, especialmente ligados a máquinas caça-níqueis. Um homem, não ligado à segurança pública, também foi detido na ação chefiada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público.

Os trabalhos seguem prosseguem para o cumprimento de mandados de prisão contra mais três militares e um policial civil. Outros dois investigados são considerados foragidos.

As ordens judiciais autorizaram a entrada em residências e em locais de trabalho dos agentes em Belo Horizonte, Ribeirão das Neves, Santa Luzia, Esmeraldas, Contagem, Nova Lima, Vespasiano, Sabará, Betim e Lagoa Santa. O objetivo era cumprir 60 mandados de busca e apreensão.

De acordo com o promotor Peterson Queiroz de Araújo, a identificação dos suspeitos só foi possível depois que a cúpula do grupo foi detida nas duas fases anteriores da operação.

Em março, a Hexagrama prendeu 14 pessoas – dentre elas, dois policiais civis e cinco militares. Em setembro, foi a vez de duas pessoas acusadas de realizarem lavagem de dinheiro para a organização serem alvos.

“Eles tinham participação na segurança do líder da organização, na realização de escoltas, ao fazer ameaças a concorrentes. Alguns recebiam dinheiro para ficarem inertes e deixarem o ilícito acontecer”, afirmou o promotor, adiantando que dois homicídios teriam sido cometidos pela organização, contra concorrentes no mercado ilegal de caça-níqueis. 

Candidatos

Dois policiais militares que foram alvos da operação também são candidatos a vereador. Um deles, da Grande BH, não foi preso por conta da Lei Eleitoral – que proíbe prisões de candidatos dias antes das eleições, a não ser que haja um flagrante.

Já um militar que concorre a uma vaga na Câmara de Belo Horizonte foi preso porque houve flagrante. Na casa dele, até uma granada foi encontrada. Devido à Lei do Abuso de Autoridade, o MP não pôde informar os nomes dos investigados.

Nas residências dos demais suspeitos, foram apreendidos carros, armas, munições, celulares e documentos.MPMG/Divulgação / N/A

Maços de dinheiro foram encontrados na casa de um dos alvos da operação

A organização criminosa está sendo investigada pela prática dos crimes de corrupção ativa e passiva, exploração ilegal de jogos de azar, homicídio, extorsão, ameaça, lesão corporais, dano ao patrimônio, destruição de cadáver, comércio ilegal de armas de fogo de uso restrito e acessórios, disparo de arma de fogo em via pública e lavagem de dinheiro.

Corregedorias

As corregedorias das polícias Militar e Civil acompanharam a operação e se manifestaram favoráveis às ações, para identificar servidores públicos com desvio de conduta. Representantes das duas corregedorias disseram, durante coletiva de imprensa, que se houver provas contra os investigados, serão cumpridas medidas administrativas contra os policiais.

“(Gostaria de ressaltar) a importância de operações desse porte para a manutenção das boas ações da polícia no Estado”, afirmou o corregedor da PM, coronel Emerson Mozzer.

A Polícia Civil afirmou que a operação reforça o compromisso da instituição "em coibir os desvios de condutas, praticados pelos nossos servidores. Este trabalho em conjunto tem se mostrado, cada vez mais, exitoso e positivo. Assim que houver compartilhamento das provas obtidas, no processo criminal, serão adotadas providências administrativas pertinentes, e uma vez apuradas as responsabilidades dos investigados, serão aplicadas as penalidades cabíveis".

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