Os "famosinhos" do Facebook: jovens mineiros ganham notoriedade e dinheiro

Giselle Araujo - Hoje em Dia
16/11/2013 às 08:44.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:11
 (Toninho Almada)

(Toninho Almada)

Dizem pela internet que ser famoso no Facebook é como ser rico no Banco Imobiliário (jogo de estratégia da Estrela): não adianta nada. Mas, para uma turma que consegue se destacar em meio aos cerca de 1,1 bilhão de usuários ativos mensais da rede, a fama virtual é, pelo menos, divertida e pode, sim, abrir portas. “Muita gente critica, mas faz tudo para ganhar curtidas”, rebate o estudante Marison Malta, de 17 anos, morador do bairro Aparecida, região Noroeste de Belo Horizonte, um dos ilustres anônimos do Facebook, conhecidos entre usuários da rede como “famosinhos do Face”.

O nível da fama na rede social é medido pelo número de curtidas nos posts ou na fan page e pela quantidade de seguidores do usuário. Marison, por exemplo, é seguido por mais de 200 mil pessoas – número duas vezes maior que as curtidas que a presidente Dilma Rousseff recebeu em sua página oficial.

Como Dilma, o adolescente ganha atenção fazendo discursos, porém críticos e bem-humorados, que ele posta em vídeos na rede sob o título “Se liga no meu papo”. E o jovem já ganha dinheiro, que ele não revela quanto, com anúncios que abrem alguns de seus vídeos.

“A importância desse fenômeno está na interação que se promove, não no conteúdo das exposições”, analisa o fundador da Escola de Redes (grupo que estuda redes sociais), Augusto de Franco. Ele ressalta que o aumento da interatividade com valorização do comportamento não institucional favorece e acelera mudanças sociais. “Não é positivo para as organizações tradicionais hierárquicas, porque a sociedade em rede traz inovação, mais resistência ao sistema. A interatividade é libertária”, diz.

Assédio

Com mais de 51 mil seguidores, a operadora de telemarketing Thainá Santos, de 18 anos, é convidada especial para festas, inauguração de boates e desfiles e, para a alegria dos fãs, ela marca encontros fora do mundo virtual através de sua página no Facebook. No mais recente, a emoção tomou conta do grupo que foi ver a “famosinha” no Parque Municipal, no Centro da capital. “Fiquei sabendo que um menino, muito meu fã, raspou a cabeça para ficar como eu. Ele foi me conhecer e começou a chorar. Aí, todo mundo se emocionou”, diz Thainá.

Característica marcante da menina, a cabeça raspada não é apenas uma “modinha”. Na rede Ask, onde os internautas fazem perguntas entre si, ela disse a uma portadora de câncer que rasparia a cabeça, assim como a garota. “Depois disso, os seguidores dela, de São Paulo, começaram a me seguir. E acabei ficando conhecida em Belo Horizonte também.”

Por acaso

Como acontece no Youtube, o sucesso no Facebook costuma surgir de forma despretensiosa, sem megaproduções ou poderosas estratégias de marketing. “Comecei a fotografar há dois anos, quando ganhei um concurso de moda alternativa. Postei as fotos e as pessoas começaram a me seguir e a pedir para adicionar”, afirma a modelo e estudante de publicidade e propaganda Mone Venzel, de 21 anos, moradora de Betim, na região metropolitana. Ela tem quase 3.000 seguidores.
 
Degraus

Também de Betim, a estudante de enfermagem, modelo e body piercer Ana Buhr, de 19 anos, é seguida por mais de 1.800 pessoas e colhe frutos da exposição. “Há três anos, comecei a postar uns vídeos no Youtube, que chegaram a 100 mil visualizações. Depois, comecei a fotografar com a FL Photo Models e a postar no Face. Fui convidada pelo site Suicide Girl para uma seleção e fui para São Paulo, há três meses, fotografar. Sou ‘hopeful’ (categoria que antecede a Sucide Girl) do site e, quando atingir 1.400 curtidas na página deles, me torno Suicide Girl”.

Se atingir a meta, Ana passará a ser remunerada pelas fotos. São 2.500 meninas em todo o mundo e 18 no Brasil. “Quando tiver as curtidas suficientes, vou ser a primeira de Belo Horizonte”, explica Ana, que vai receber do site U$ 500 (cerca de R$ 1.150) por ensaio fotográfico.

Assédio e fotos com o ídolo em local público

Como as celebridades da televisão, os “famosinhos do Face” também são reconhecidos e assediados em locais públicos. Em menos de meia hora na Praça da Liberdade, além de olhares curiosos, Marison Malta atraiu a atenção de um grupo de meninas, que pediram para tirar foto com o ídolo da rede.
“Ele fala tudo! Manda bem o recado”, afirma Letícia Girundi, de 14 anos, que começou a acompanhar o perfil de Marison depois de acessar um dos vídeos do adolescente, compartilhado por uma amiga.

Surpresa

Mone Venzel também foi reconhecida na praça e posou para foto ao lado das fãs Gabriela Fernandes e Mariana Souza, ambas de 16 anos. “É interessante porque você, muitas vezes, nem sabe quem é a pessoa e ela acompanha sua vida toda”, diz Mone.
Gabriela chegou ao perfil da “famosinha” por acaso e virou seguidora. “Eu estava procurando artigo para cosplay (acessórios inspirados em quadrinhos, games e desenhos animados) e encontrei o perfil da Mone. Ela é linda”, diz Gabriela. “A gente adora as fotos e o estilo dela, pedimos para adicionar e viramos seguidoras”, conta Mariana.

Agência alternativa para que é rejeitado

No rastro da fama virtual, a jornalista e fotógrafa Januária Vargas, de 25 anos, e o estudante e também fotógrafo Michael Ferreira, de 19, criaram a agência virtual FL Photo Models, que reúne modelos, maquiadores, cabeleireiros e produtores voluntários para divulgar o trabalho de todos.
“Começamos a fazer ensaios com alguns famosos no Face e a convidar gente de estilo mais alternativo”, explica Januária. “Com o tempo, apareceram mais pessoas querendo participar, de cabeleireiros a maquiadores e modelos”, diz Michael.

Opção

A dupla ressalta que o objetivo é abrir portas para quem sonha ser modelo, mas foi rejeitado no mercado convencional. A fan page da FL Photo Models já foi curtida por mais de 3.700 pessoas.

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