País adota dose única de vacina contra a febre amarela e estuda fracionar o composto

Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br
05/04/2017 às 20:05.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:01

Diante do aumento da demanda por vacina de febre amarela no país e o risco de surto, o Ministério da Saúde decidiu colocar em prática um plano de contingência. A partir de agora, passa a adotar a dose única, ao invés de duas. Em paralelo, o “terreno” está sendo preparado para o fracionamento do composto. Ou seja, a diluição do líquido com redução do poder de imunização. 

O anúncio foi feito ontem pelo titular da pasta, Ricardo Barros. “A partir de agora, as pessoas que já tomaram uma dose não precisam se vacinar mais contra a febre amarela ao longo da vida”, afirmou. Até então, a orientação dada era que os brasileiros se imunizassem duas vezes, com intervalo de dez anos.

Neste ano, o Ministério da Saúde enviou doses extras para locais com casos suspeitos de febre amarela; em Minas Gerais, foram 7,5 milhões de doses

Há poucas semanas, o ministro chegou a dizer que o fracionamento seria a última opção para o país. Mas, a decisão foi alterada após as pressões por aumento da cobertura vacinal em vários estados. O Rio de Janeiro pediu 15 milhões de doses e a Bahia pediu um reforço. Isso sem contar a alta demanda em Minas Gerais, onde há uma campanha em curso para conter o avanço da doença. 

Fracionamento 

Ao que tudo indica, a dose única da vacina será ministrada por pouco tempo. Isso porque o ministério admitiu que já está preparando a rede pública para um possível fracionamento. Na prática, isso significa que a dose, hoje de 0,5 ml, será reduzida a um quinto desse volume. 

Não se sabe ao certo de quanto tempo será a imunização com a redução da dose. Pesquisas mostram que a vacina impediria o contágio da doença em apenas um ano nesse caso, o que é motivo de críticas por parte de especialistas. “É algo a ser usado durante surto, mas não é o ideal porque reduz a eficácia da vacina”, afirma o imunologista, Marcelo Simão Ferreira.

Surtos

Esse tipo de medida é indicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) diante riscos de surtos, e até já foi implantada na África. O objetivo é tentar bloquear o avanço da doença nas regiões metropolitanas que apresentam casos suspeitos ou confirmados em humanos e primatas.

Agora haverá treinamento das equipes de saúde e preparação da rede para a modificação. Para o fracionamento, serão necessárias algumas medidas como aquisição de seringas especiais, sem registro no Brasil, treinamento de pessoal e adequação do sistema de informação para o cadastro dos imunizados. 

Minas Gerais

Segundo boletim divulgado ontem pela Secretaria de Estado de Saúde, já foram notificados 1.124 casos de febre amarela em Minas, sendo que 491 foram descartados e 392 confirmados. Além disso, foram notificadas 204 mortes, das quais 140 tiveram resultado positivo para a doença. 

Procurada pela reportagem, a pasta informou que até o momento não foi comunicada oficialmente pelo Ministério da Saúde sobre a dose única e o fracionamento. “Portanto, nossa rotina permanecerá a mesma”, disse em nota. 

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