Padronização de mobiliário ameaça funcionamento da feira Tom Jobim

Patrícia Santos Dumont - Hoje em Dia
29/11/2015 às 08:55.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:08
 (CARLOS HENRIQUE)

(CARLOS HENRIQUE)

Uma das feiras mais tradicionais de Belo Horizonte, a Tom Jobim, no bairro Santa Efigênia, sofreu um esvaziamento repentino nas últimas semanas. O motivo, segundo os feirantes, é a padronização do mobiliário exigido pela prefeitura. Há um mês, os expositores precisaram substituir as mesas e cadeiras de plástico por um modelo padrão de madeira. A mobília, cinco vezes mais cara do que a anterior, tornou-se artigo de luxo.

Quem frequenta a barraca de comida árabe, por exemplo, já se deu conta que, pelo menos por enquanto, terá que usar as cadeiras do vizinho ou se contentar em comer em pé. A dona do ponto, Vânia Alcici Curi, que trabalha no local há quase 30 anos, ainda não providenciou a mobília nova.
“Só podemos ter uma barraca para tudo, fritar os quibes, expor o produto e atender os clientes, então pedi uma licença à prefeitura para aumentar um pouco o tamanho da minha, que custou quase R$ 2 mil”, conta, justificando a demora em completar o mobiliário próprio.

Desde o último dia 6, os feirantes da Tom Jobim são obrigados a se enquadrar nas exigências municipais, previstas em edital homologado em julho. De acordo com a gerente regional de Centros de Comércio Popular e Feiras Permanentes da Regional Centro-Sul, Andréa Lúcia Bernardes Fernandes, a padronização vai embelezar a feira.

“O objetivo é valorizar o local, já que a cadeira de madeira tem um visual mais bonito, é mais prática de montar e desmontar e embeleza o espaço”, explica.

INSATISFEITOS

A regra, no entanto, tem desagradado muita gente. Dono de uma das cinco barracas de bebida do espaço, Marco Aurélio Pereira vem tentando recuperar o investimento alto que fez com a nova aquisição, ao desembolsar R$ 2.800 para adquirir os sete jogos de mesa e cadeiras, cinco vezes a mais do que havia pago pelos móveis de plástico.

“Agora estou com as mesas de plástico guardadas num depósito sem saber o que fazer. Antes, o movimento era bem maior, pois todo mundo levava a quantidade que queria e não tinha exigência de um modelo único. Agora, nem todo mundo vai comprar por causa do preço”, comenta.

Andréa Fernandes informou que a prefeitura está aberta a negociações com os feirantes e que sugestões de readaptação são bem-vindas. “Não sei se o valor das mesas irá prejudicar o investimento deles. Mas não descartamos conversar para tentar ajustar melhor”, afirmou.

Os feirantes estão organizando um abaixo-assinado e devem montar uma comissão para negociar com a prefeitura. Quem descumprir as regras de mobiliário está sujeito a multa, suspensão do direito de trabalhar e cassação da licença.

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