Pandemia derruba renda de 44% dos músicos de BH a um salário mínimo, aponta pesquisa

Da Redação
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15/07/2021 às 09:30.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:25

A pandemia da Covid-19 impactou diretamente o setor musical de Belo Horizonte. Um cenário com redução salarial, mudanças de carreira e desafios na adaptação para o on-line foram situações reveladas por um estudo realizado pelo Escutas, grupo de pesquisa em sonoridades, comunicação, textualidades e sociabilidade do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Foram entrevistados, em agosto do ano passado, 171 profissionais do setor, como cantores, compositores, instrumentistas, técnicos de som, DJs, produtores executivos e luthiers. O trabalho, conforme divulgou a UFMG, verificou o papel crucial dos bares, restaurantes e eventos para a cadeia produtiva do setor.

Antes da pandemia, apenas 5,8% dos entrevistados diziam ganhar, mensalmente, o equivalente a um salário mínimo (R$ 1.045,00) com a música. Com a pandemia, porém, o número aumentou significativamente e quase a metade dos entrevistados, 43,9%, viu a renda despencar a esse patamar, impacto que atinge os músicos e dependentes diretos.

Isso porque, dos 171 participantes, 145, ou 84,8%, afirmaram que dependem da renda conquistada com a música e destes, 77 disseram que possuem um ou mais dependentes desse valor.

O impacto em grupos socialmente mais vulneráveis é ainda maior e a adaptação ao universo online fica longe de monetizar financeiramente grande parte dos músicos. Os dados indicam precarização no setor musical, um cenário com alta ocorrência da informalidade e no qual o abandono ou troca da função se torna ainda mais evidente.

O levantamento também revela ainda que a precariedade é distribuída de forma diferenciada com base em gênero, sexualidade, raça e etnia, geração e classe, variáveis que também foram consideradas pela pesquisa. Dentre os profissionais negros entrevistados, por exemplo, – que representam 37,4% do total de participantes – metade ficou tanto antes, como depois da pandemia, na faixa de um salário mínimo recebido mensalmente.

Os resultados já obtidos pelo levantamento, conforme informou a UFMG, foram publicados em uma edição especial da Frontiers in Sociology, revista internacional que dedicou um volume a estudos sobre os impactos da pandemia na música em todo o mundo. Em uma próxima etapa, o estudo irá investigar questões específicas como o impacto das leis de incentivo à cultura e o desafio da barreira tecnológica do virtual.

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