Pandemia impediu cumprimento de prazo para entrega do novo Bento Rodrigues, diz presidente da Renova

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
23/10/2020 às 13:10.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:52
 (Fundação Renova/Divulgação)

(Fundação Renova/Divulgação)

O novo Bento Rodrigues, reassentamento para os atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, não ficará pronto até fevereiro de 2021, conforme prazo estipulado pela Justiça. De acordo com Andre de Freitas, presidente-diretor da Fundação Renova, a pandemia de novo coronavírus impediu que as obras fossem realizadas com capacidade máxima da mão de obra.

“Começamos o ano de 2020 com velocidade total e esforço para avançar na entrega das casas. A expectativa era entregar 85% de Bento Rodrigues até o fim do ano. Mas com a pandemia, suspendemos a obra porque não queríamos que o canteiro fosse um local de transmissão do vírus”, afirmou Freitas.

No próximo dia 5, o rompimento da barragem de Fundão completa cinco anos. A tragédia causou a morte de 19 pessoas e impacto ambiental em toda a bacia do rio Doce, até o literal do Espírito Santo.

Segundo Freitas, pouco a pouco, as obras foram sendo retomadas desde junho e hoje um terço da força de trabalho prevista está no canteiro de obras – cerca de 1.500 funcionários.

Os planos iniciais eram que 5 mil trabalhadores estivessem atuando, ao longo de 2020, nos três reassentamentos para localidades atingidas: Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo (em Mariana) e Gesteira (em Barra Longa).

Para cada distrito, há acordos e prazos diferentes e mais de 450 famílias participam dos processos de reassentamento – 211 demonstraram interesse por ir para o novo Bento, enquanto 98 querem morar no reassentamento de Paracatu de Baixo. Até agosto, 129 famílias haviam preferido morar em locais diferentes dos reassentamentos coletivos.

Infraestrutura

Das 37 casas projetadas para novo Bento, apenas duas estão prontas. “Temos que operar com condições de segurança e decidimos este ano focar nas obras de infraestrutura, como ruas asfaltadas, posto de saúde e escola. Nossa intenção é avançar na velocidade das obras das casas em 2021”, disse Freitas. A previsão é que, até o fim deste ano, 95% da infraestrutura esteja concluída.

Um novo acordo sobre os prazos de entrega dos reassentamentos ainda não foi realizado, mas a Fundação Renova (entidade criada para trabalhar a reparação ambiental e socioeconômica dos municípios atingidos pelo rompimento da barragem) afirmou que está mantendo a Justiça informada de todas as questões que envolveram o andamento das obras nos reassentamentos.

André reconheceu que o tempo para reassentar os atingidos é muito longo, mas explicou que este é um processo inédito, que demanda muitas etapas e acordos. “A gente está construindo uma cidade inteira com um processo participativo”, disse o diretor, reforçando que todos os atingidos tiveram o direito de participar da elaboração dos projetos das casas.

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