Pandemia suspende transplantes em Minas e reduz número de doadores potenciais

Renata Galdino
rgaldino@hojeemdia.com.br
09/04/2020 às 22:16.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:14
 (Jonathan Borba/Pixels.com)

(Jonathan Borba/Pixels.com)

A pandemia de Covid-19 já afeta os transplantes em Minas Gerais. Os de rim com doador vivo, córnea e fígado foram suspensos – e outros procedimentos estão em risco. Havendo sobrecarga no sistema de saúde por conta da assistência a pessoas infectadas com o novo coronavírus, o paciente à espera de um órgão ou tecido pode não ser operado por falta de leitos. Sem falar que o sistema já registra queda na captação de doadores.

A situação preocupa, afirma o coordenador do MG Transplantes, Omar Cançado. “Teve uma redução importante. Acredito que ela ainda não foi total, vai piorar ao longo deste mês e do próximo, dependendo da evolução da epidemia”.

O cenário já não era favorável antes do surto da Covid-19, por conta da falta de órgãos e tecidos. Mas, agora, a tendência é que qualquer pessoa que morrer com suspeita de síndrome aguda respiratória ou tenha tido contato com alguém que testou positivo para coronavírus seja descartada como doadora.

Segundo Omar Cançado, há risco de transmissão do vírus para o receptor. “Estamos fazendo uma avaliação rigorosa do doador em relação à Covid. Mas esperamos não parar o serviço, pois a mortalidade na fila poder ser maior que pela doença”, ponderou. 

Além disso, muitos órgãos e tecidos são oriundos de vítimas de acidentes de trânsito e brigas que resultam em traumatismos. Porém, com o isolamento social, esses casos também diminuíram.

Vale ressaltar que o paciente à espera de um órgão faz parte do grupo de risco. Quem depende de um rim precisa fazer hemodiálise pelo menos três vezes por semana. De acordo com a Aliança Brasileira de Apoio à Saúde Renal (Abrasrenal), são cerca de 10 mil mineiros em tratamento.

Por outro lado, a suspensão dos procedimentos visa até mesmo a proteger a saúde do paciente, observa o chefe do Setor de Transplantes de Rim da Santa Casa BH, Pedro Souza.

Após a cirurgia, o transplantado precisa tomar medicamentos antirrejeição, que reduzem a capacidade imunológica. “Tornando-o mais suscetível a pegar qualquer infecção, inclusive a Covid-19”.

Em 2019, o hospital, considerado um dos maiores transplantadores de órgãos e tecidos do Estado, realizou 350 procedimentos de fígado, rim, córnea, medula óssea, ossos e coração. Clique para ampliar

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