Para evitar frustrações, todo cuidado é pouco no preparo da festa

Raquel Ramos - Hoje em Dia
18/05/2014 às 07:23.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:37
 (Frederico Haikal)

(Frederico Haikal)

O sonho de uma vida inteira entregue aos cuidados de fornecedores. É essa a sensação de quem está preparando um casamento ao contratar os serviços. Nesta semana, quando pelo menos 400 clientes foram lesados com o fechamento de um buffet em Belo Horizonte, ficou evidente que cercar-se de cuidados nunca é demais para não ter transtornos. Indicações e consultas na Justiça e órgãos de defesa do consumidor são premissas básicas para evitar prejuízos.

O Tereza Cavalcanti estava há 16 anos no mercado. Nos últimos contratos, chegou a cobrar mais de R$ 65 por cada convidado do evento. Mesmo com o nome estabelecido, dava sinais de decadência. Já era alvo de diversas ações na Justiça antes de decretar falência.

A repercussão desse caso é apenas a ponta de um problema muito maior. Todos os meses, muitas pessoas são prejudicadas por fornecedores que encerram as atividades ou não seguem contratos.

Buffet, decoração e fotografia/filmagem lideram as queixas no Procon Assembleia, segundo o procurador do órgão, Mateus Simões. “Não temos dados referentes apenas a casamentos. Mas sabemos que as reclamações estão mais constantes nesse setor porque cresceu o número de festas realizadas nos últimos anos”.

Para Vitor Lanna, advogado e professor da PUC Minas e da Fumec, foi justamente o “boom casamentício” que impulsionou tantos problemas.

Vislumbrando a possibilidade de ganhar dinheiro, muita gente entrou no mercado sem a devida preparação. A maior concorrência fez empresas de grande porte perderem clientes e também falirem. Em outros casos, oportunistas se aproveitaram da situação para lucrar. “É um nicho bom, com clientes frágeis, vulneráveis, que são facilmente seduzidos. Muita gente cai no conto do vigário”, alerta Lanna.

Embora não tenha como fugir do risco, é possível minimizá-los. Ao fechar contrato, sugere o advogado, as pessoas devem tratar o negócio com a mesma seriedade que têm ao comprar um imóvel. “Além de indicações confiáveis, o cliente pode, por conta própria, verificar o site do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Os processos são públicos”.

Outra dica é evitar o pagamento antecipado, por mais atrativos que sejam os descontos à vista. É aconselhável que parte significativa do valor só seja paga na véspera do evento.

Se ainda assim o cliente enfrentar problemas, a alternativa é entrar na Justiça para pedir indenização por danos morais, ressarcimento por itens cobrados e não fornecidos ou, no caso de falência, para habilitar o crédito da empresa e ajuizar um processo de conhecimento para pedir o ressarcimento.
 
Especialista ajuda a elaborar contratos
 
Acostumada a trabalhar em casamentos, Rose Quadros, proprietária do Personal Wedding, ressalta que a contratação de um cerimonial é indispensável. “Um bom cerimonialista conhece o mercado, ajuda a noiva a examinar contratos e estará pronto a ajudar em casos de surpresas desagradáveis”, diz. Ela mesma já teve que intermediar problemas que nem chagaram ao conhecimento dos noivos no dia da festa.

Um dos casos foi com um buffet que tentou tirar comida da festa e levar para outros eventos. “Faço questão de contar cada salgado, porque muitas vezes não levam a quantidade contratada. Nesse dia, ameacei registrar boletim de ocorrência”, lembra.
 
Foi às duras penas que a fisioterapeuta Mariana Calais, de 31 anos, reconheceu a importância desse serviço. Depois de enfrentar transtornos com salão de festa e DJ, começou a consultar Rose antes de fechar qualquer negócio.

Ainda assim, foi uma das clientes lesadas pelo buffet Tereza Cavalcanti. “Sinto que o meu prejuízo foi menor porque tive alguns problemas com a empresa e pedi para pagar as parcelas restantes em um único boleto, que seria quitado na semana do casamento”. Hoje, mais experiente, atribui tantos problemas à pressa que teve para fechar os contratos.

Aborrecimento muito maior enfrentou Fernanda Mundim Brasil, que se casou em outubro de 2012. Faltando um mês para a cerimônia, descobriu que o salão de festa contratado tinha sido interditado pelo Corpo de Bombeiros. “Mas também fechei com eles os serviços de buffet, decoração e cerimonial. Confiei cegamente. Eles garantiram que realizariam minha festa de qualquer jeito, mas faltando apenas um mês eu só tinha promessas”.

Desesperada, cogitou cancelar o casamento. Mas com a ajuda da família, sobretudo do sogro, planejou outra festa em quatro semanas. Mas pagou muito mais caro, por causa do pouco tempo. “Quem é noiva sabe o quanto isso é difícil. Esses serviços, via de regra, são fechados com mais de um ano de antecedência. Naquela altura do campeonato, poucos tinham a minha data disponível”.

Até hoje Fernanda não recebeu o dinheiro de volta. O processo está na Justiça, com pelo menos outras dez ações contra a mesma empresa.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por