Parar de tomar remédio antes da hora expõe paciente a riscos, inclusive de morte

Marília Mesquita
23/08/2019 às 21:27.
Atualizado em 05/09/2021 às 20:09
 (Editoria de Arte)

(Editoria de Arte)

O paciente que começa um tratamento médico deve ter dose extra de disciplina. Parar de tomar os remédios prescritos ao primeiro sinal de melhora pode até indicar alívio, mas, lá na frente, causar problemas mais sérios à saúde, inclusive levar a pessoa a óbito. Mesmo com os riscos, quatro em cada dez brasileiros interrompem a medicação antes da hora.

O número faz parte de pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha. “Mas esse comportamento pode agravar o quadro clínico e desenvolver novas doenças”, destaca o angiologista Bruno Naves, cirurgião dos hospitais Madre Teresa e Mater Dei.

O especialista, que irá abordar o tema durante palestra na feira Expo-Hospital Brasil, a ser realizada em setembro em Belo Horizonte, diz que o tratamento contra enfermidades crônicas e silenciosas, como colesterol alto, são as mais negligenciadas. “Como não provocam dor e as medicações não têm efeito aparente, o paciente acha que está bem e para de tomar os comprimidos”. 

O mesmo acontece com a hipertensão, que acomete 20 milhões de brasileiros. “O descontrole pode ser fatal porque desencadeia insuficiência cardíaca, infarto ou AVC”, frisa o diretor de Promoção de Saúde Vascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Fernando Costa. 

Ainda assim, segundo ele, 50% daqueles que sabem que têm pressão alta não cumprem a determinação médica e deixam o tratamento após o primeiro ano.

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Crenças

Os motivos de abandono e alterações de dosagem do fármaco, hábito comum no país, estão associados, principalmente, à percepção de que o medicamento é muito forte e as reações, indesejadas. Porém, a crença da pessoa de que já está curada também é uma barreira.

“A influência de amigos e familiares que não têm conhecimento técnico e a falta de zelo com a própria saúde levam ao equívoco”, expõe o cardiologista Marcelo Katz, do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, e que também irá palestrar na Expo-Hospital Brasil.

Pesquisador da área de ciência comportamental, ele explica que muitas pessoas não se apropriam da própria saúde. “Assim como não adotam hábitos saudáveis, guardam o remédio na gaveta e não aderem ao tratamento”.

Compartilhada

Por outro lado, Marcelo Katz acredita que a responsabilidade sobre o assunto deve ser compartilhada. O cardiologista defende o diálogo com o paciente de forma a vencer os desafios. “O médico tem um papel fundamental de empoderar aqueles que ele atende e provocar o engajamento”.

Para isso, as decisões sobre o diagnóstico devem ser divididas entre eles para que, de fato, se encaixe na rotina do doente. O especialista diz que é possível a pessoa esquecer de tomar os comprimidos, por exemplo, se precisar ministrar muitas vezes ao dia.

A aposta para o sucesso do tratamento é facilitar o processo, ser claro quanto a periodicidade e ministrar composições combinadas, para diminuir a quantidade de remédios.

Mais informações:
Feira Expo-Hospital BrasilData: 11 a 13 de setembroLocal: Serraria Souza Pinto (Avenida Assis Chateaubriand, 809 – Centro)Site: expohospitalbrasil.com.br

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