Parcerias internacionais ditam futuro do Zoológico de BH, que completa 63 anos

Bernardo Estillac
Bernardo.leal@hojeemdia.com.br
25/01/2022 às 20:33.
Atualizado em 30/01/2022 às 01:06
 (Foto: Maurício Vieira/ Hoje em Dia)

(Foto: Maurício Vieira/ Hoje em Dia)

Quem diria que papagaios raros voltariam a voar pelas matas de Minas com ajuda de uma fundação espanhola? É o resultado do projeto internacional em que o Zoológico de Belo Horizonte apostou durante a pandemia.

Uma das principais atrações da capital, com cerca de 3.500 animais de 240 espécies, o Zoo nunca ficou fechado por tanto tempo quanto na pandemia. Foram quase sete meses até a reabertura parcial em outubro do ano passado. E foi uma época de muito trabalho, avalia o gerente do zoo de BH, Humberto Mello.

Enquanto os portões ficaram fechados ou que o público só podia visitar com agendamento durante os fins de semana, as equipes se desdobravam para intensificar a manutenção das instalações e atualizar o método de manejo dos animais. 

O biólogo explica que a necessidade de trabalho remoto no período com portões fechados foi uma importante ferramenta para o futuro da instituição que completa 63 anos nesta terça-feira (25).

“A gente pode ver claramente que a informatização e a tecnologia agregaram muito ao nosso trabalho. Participamos de diversos congressos on-line para apresentar trabalhos, cursos à distância para manter a capacitação da equipe e fizemos também visitas virtuais que reforçam nossa característica educativa com a sociedade”, afirma.

Atualmente, o zoo de BH trabalha em parceria com diversas instituições dentro e fora do Brasil para troca de informações e de espécies, que fazem parte de programas de proteção e readaptação à natureza.

“Outro ponto para o futuro são as parcerias nos planos de ação para conservação de espécies ameaçadas. Durante a pandemia, por exemplo, nós fizemos acordo com vários planos, chegaram animais, saíram animais”, conta  Humberto Mello.

É o caso dos papagaios-de-peito-roxo, que saíram do Zoológico de Belo Horizonte para serem soltos na natureza. O projeto foi parte de um programa realizado em parceria com o Instituto de Pesquisa e Conservação Waita, que intermediou o contato com o zoo Loro Parque, de Tenerife, na Espanha.

“Eles foram soltos e, durante a observação de seu comportamento na natureza, foi percebido que os animais que estavam em BH foram os primeiros a botar ovos em ninhos”, conta.Foto: Humberto Mello/ FPMZB 

Papagaios-de-peito-roxo que habitavam o Zoológico de Belo Horizonte.

A interação virtual com instituições internacionais é apontada pelo biólogo também como fator importante na construção de um dos grandes trunfos do zoo de BH: a formação de um grupo reprodutivo de gorilas.

“Termos hoje o único grupo reprodutivo de gorilas da América Latina reconhecido pelo Programa Europeu de Espécies Ameaçadas/Gorilla se deu muito pela facilidade de mostrar nosso trabalho, de criar credibilidade e promover lá fora”, diz Mello.

Mello também cita a participação do zoológico no Plano de Conservação do Mico-Leão-Preto. A Fundação Zoobotânica recebeu um casal de animais que se reproduziu e teve filhotes gêmeos em Belo Horizonte. 

O Mico-Leão Preto, é uma das espécies de primatas mais raras e ameaçadas do mundo e chegou a ser considerada extinta da natureza por muitos anos. Ainda hoje, o animal é tido como criticamente ameaçado de extinção. Mello ressalta que os planos, além de conservar as espécies, buscam preservar as características genéticas dos animais.

Mudanças no tratamento dos animais

Ao longo da história do Zoológico de Belo Horizonte, muitas mudanças foram adotadas na forma de administração dos espaços e no tratamento dos animais. 

Humberto Mello afirma que, no início da história da instituição, a disposição dos animais era feita em um modelo unicamente expositivo, onde o importante era colocá-los para observação de visitantes. 

Hoje, o zoológico busca respeitar as características próprias dos animais. E a participação do público está mais associada a um aspecto educativo do que puramente associado ao entretenimento.

“A gente tem um programa de tratamento em que o olhar é todo voltado para o bem-estar dos animais nos recintos e como eles interagem com o ambiente.  O visitante passa a ser um espectador e não interfere na rotina do animal”, afirma.

Para Mello, o modelo de tratamento dos animais foi essencial para que eles não percebessem mudanças nas rotinas causadas pelo retorno dos visitantes durante a flexibilização da pandemia, que permitiu o retorno do público ao zoo.

O Jardim Zoológico de BH fica aberto de terça a domingo e em feriados das 8 às 17h, com entrada permitida até às 16h. 

Para ter acesso ao local é preciso ter se vacinado contra febre amarela ao menos 10 dias antes da visita. Caso o visitante não tenha o cartão para comprovar, deverá ser preenchida uma declaração afirmando já estar imunizado contra a doença.

  

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