Passagem de ônibus em BH não terá reajuste; empresas ameaçam cortar viagens

José Vitor Camilo
19/12/2019 às 18:06.
Atualizado em 05/09/2021 às 23:05
 (Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)

As passagens dos ônibus convencionais de Belo Horizonte continuarão com o valor de R$ 4,50 em 2019, pelo menos no que depender do prefeito Alexandre Kalil. Na tarde desta quinta-feira (19) ele anunciou, após reunião com Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setra-BH), que o aumento de R$ 0,25 foi vetado. A informação foi mal vista pelo sindicato das empresas de ônibus, que informou que poderá haver redução no número de viagens já a partir desta sexta-feira (20) e, até mesmo, demissões de trabalhadores.

“Houve sim quebras de contrato dos dois lados, mas isso não é Atlético e Cruzeiro, não é guerra. Mas o povo sofreu, reclamou, gritou. E enquanto eu for prefeito dessa cidade, o povo tem voz”, disse o prefeito após o anúncio.

Além disso, um decreto será publicado nos próximos dias obrigando as 40 empresas que atuam na capital a apresentarem, até o fim de 2020, uma fórmula única de cálculo, com uma espécie de balanço do ano que justifique esse aumento. “O decreto os obriga a apresentar uma fórmula única contábil de todas as empresas, porque nós queremos saber”, completou Kalil.

Questionado sobre a “ameaça” de corte de viagens, o prefeito disse não acreditar. “Não vão parar, não vão fazer nada. Pois não vai faltar gente pra querer uma concessão de uma cidade do tamanho de BH”, afirmou.

Ainda conforme Kalil, o descumprimento da presença de cobradores nos ônibus teria sido o principal motivo para a prefeitura barrar o aumento. Segundo o município, só até novembro deste ano foram 14.980 multas aplicadas pela ausência do trocador. Cada multa tem o valor de R$ 688,51, um total de R$ 10 milhões.

Essa não é a primeira vez que Kalil barra o reajuste, que também não aconteceu em 2017. Em 2018 houve um aumento de 11%, passando a passagem de R$ 4,05 para R$ 4,50.

Setra define reunião como "péssima"

Após se encontrar com o prefeito, o presidente do Setra Joel Jorge Pasqualin, definiu a reunião como “péssima”. “Uma irresponsabilidade do prefeito. É a segunda vez que isso ocorre no seu mandato. Ano passado deu a tarifa menor. A prefeitura está rasgando o contrato”, criticou. 

Segundo ele, as pessoas não estão valorizando o que as empresas têm feito, como a implantação de ar-condicionado em 45% dos 2800 coletivos da frota de BH. “É um veículo que consome muito óleo diesel. E a parte da prefeitura, ela não tem feito, que são os corredores e as faixas exclusivas”, pontuou o presidente do Setra.

“Sem o reajuste, com certeza vamos deixar de ter algumas viagens inteiras e demissões, pois, se você não paga a folha o funcionário não vai trabalhar. 75% do nosso custo é do diesel e mão de obra. Começa faltando uma ou outra viagem. Mas o número de viagens que serão reduzidas vai depender de cada empresa. Eu não posso exigir do empresário o cumprimento do serviço, uma vez que ele me cobra o reajuste na tarifa e eu não estou conseguindo. Então, cada empresário vai fazer de acordo com a sua necessidade, mas isso pode acontecer a partir de amanhã", garantiu Pasqualin.

Ainda de acordo com ele, as empresas contrataram os 500 cobradores requisitados pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), mas que em alguns horários as empresas não conseguem cumprir com a exigência. "Amanhã cedo já estará judicializado o pedido do reajuste da tarifa”, conclui.

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