Patinete elétrico: usuários experientes ensinam as 'manhas' para um deslocamento seguro; veja vídeo

José Vítor Camilo
11/05/2019 às 14:56.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:36
 (José Vítor Camilo)

(José Vítor Camilo)

Seja em dia útil ou no fim de semana, as ruas da região central de Belo Horizonte estão tomadas de pessoas andando em patinetes elétricos. Mas nem tudo é alegria. Desde a chegada da febre à capital mineira, o número de acidentes envolvendo o novo meio de transporte vem aumentando drasticamente. Pelo menos 74 pessoas buscaram atendimento no Hospital de Pronto-Socorro (HPS) João XXIII nos últimos quatro meses, o que levou autoridades municipais a discutirem a regulamentação do meio de transporte alternativo. 

Para ajudar quem pretende experimentar os patinetes, o Hoje em Dia conversou com diversos usuários e pegou algumas dicas para os iniciantes. A unanimidade é que planejar o caminho a ser percorrido, segurar o guidão com as duas mãos e  evitar o uso de celular e fone de ouvido contribuem para uma condução mais consciente e, por tabela, segura.

Veja o vídeo de um rápido passeio pela Praça da Liberdade:

 O vendedor de peças automotivas Alexandre Quelote, de 39 anos, é motociclista e acha o patinete mais perigoso que seu meio de transporte usual. "Na moto a gente sempre está de capacete, diferentemente dos patinetes. Nele a pessoa fica com mais coragem e o equilíbrio é mais difícil. Esse negócio pega uma velocidade boa, se cair pode machucar feio. Criança pequena , sem proteção não dá", alerta.

Os estudantes Deiler Lúcio Mariano, de 18 anos, e Natan Santiago, de 24, aprovaram os patinetes, mas veem deficiências na segurança."Se cair machuca um pouco, mas não acho perigoso. Eles poderiam vir com um capacete de proteção", aponta Mariano.  O uso do capacete é recomendado pelos administradores dos patinetes, mas fica por conta do usuário.

"Eu falaria para a pessoa que vai andar pela primeira vez ter muita atenção, manter o punho forte e não frear muito bruscamente, pois se não estiver segurando firme é fácil de cair ao parar", avisa Santiago.

Para o engenheiro civil André de Melo Guimarães, de 46 anos, o principal problema é o exagero na velocidade. "Reparei que o pessoal está usando como se fosse um veículo mesmo, andando na rua. O problema é que muita gente não está preparado para isso, Sem falar que aqui não existem ciclovias suficientes para viagens mais longas", argumenta. 

O estudante de odontologia Felipe Araújo, 21, pondera que ideia é muito boa para pequenos deslocamentos na região central, mas é importante respeitar as regras do aplicativo. "Fala para andar no máximo a 20 km/h em ciclovias e 6 km/h no passeio. Não custa nada respeitar", diz. 

Lucas Assunção, de 30 anos, que trabalha com Tecnologia da Informação, também aponta as limitações dos percursos das ciclovias como principal dificuldade de uso.  "É uma boa opção se você quer economizar tempo. Mas, dependendo do lugar, pode ser perigoso. BH tem muito morro e os passeios não ajudam. Se tivesse mais ciclovia, ficaria bem melhor", propõe. 

Para ele, quem pretende usar o transporte pela primeira vez deve sempre respeitar a velocidade e preferir usar em locais como as praças da Liberdade e da Assembleia. "É bom evitar andar em passeios, que podem ser esburacados e causar quedas. Se for possível, o ideal é que se use um capacete", aponta. 

A professora Adriana Quelote, de 49 anos, conta que teve dificuldade em aprender a usar o patinete.  "Achei muito difícil, mas eu não sei andar nem de bicicleta, então fico com medo. Acho que para quem anda com muita velocidade é perigoso, tem que ter muita cautela. Uma coisa é ficar brincando na praça, outra é correr para chegar em algum lugar", comenta. 

Segurança x saúde

Especialistas da área de saúde também dão dicas para evitar acidentes com patinetes. A principal delas é treinar em locais planos e com velocidade reduzida antes de sair "andando" em vias movimentadas e com pisos irregulares.  "A pessoa precisa ter habilidade. E, para isso, é necessário treinar. Outra dica fundamental é usar os equipamentos de segurança, inclusive capacetes que cobrem o queixo", orientou o presidente da Comissão de Campanhas Públicas da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), Sandro Reginaldo.

O fisioterapeuta Rodrigo Moura, da Clínica FortaleSer, endossou as recomendações. "No início, o ideal é utilizar espaços curtos e planos. As calçadas de Belo Horizonte, em geral, são desniveladas. Então é preciso passar por um processo de adaptação".

Moura também recomenda que o praticante vá alternando um pé em cima do patinete e outro no chão para trabalhar o equilíbrio. "Ainda é importante treinar as curvas. Só depois de tudo isso, aumente a velocidade e a distância a ser percorrida".

Com relação à postura, o ortopedista Sandro Reginaldo destaca que o ideal é ajustar o guidão para evitar inclinar a coluna. "Mas isso não é tão grave porque a pessoa fica por pouco tempo no patinete", disse. Já o fisioterapeuta Rodrigo Moura alerta que praticantes muito altos ou que estejam acima do peso devem redobrar a atenção. "Melhor não abusar da velocidade", orienta.

Acidentes

Segundo o HPS João XXIII, entre as 74 pessoas que ficaram internadas nos quatro primeiros meses de 2019 por conta dos patinetes elétricos, uma sofreu traumatismo craniano e chegou a ficar sete dias hospitalizada, parte dele no Centro de Tratamento Intensivo (CTI). .

Segundo balanço do HPS, a maioria das vítimas sofreu apenas traumas leves e escoriações, mas do total de casos ao longo do ano, cinco foram considerados graves. 

Em todos os casos, imperou a falta de segurança. As vítimas não usavam equipamentos, como capacetes, luvas e joelheiras, e trafegavam em velocidade acima do permitido. Por causa do crescimento dos acidentes, a BHtrans criou um grupo de estudos para discutir o impacto desse novo meio de transporte e já trabalha em um projeto de regulamentação do uso de patinetes", destacou. 

Normas

A Grin e a Yellow, as duas empresas que disponibilizam os patinetes em BH, informam que seguem todas as regulamentações da Conselho Nacional de Trânsito (Contran) para operar os equipamentos. "A Yellow, por meio de seu termo de uso - disponível no site e no próprio aplicativo -, orienta que os usuários sigam essa determinação. O pedestre é sempre prioridade, por isso a Yellow também orienta que os usuários estacionem os patinetes em um dos pontos privados parceiros ou em qualquer local da área de atuação, contanto que tome cuidado para não atrapalhar o fluxo de pedestres". 

A empresa ainda frisou que somente maiores de 18 anos podem usar os patinetes e que "todos os usuários precisam aceitar os termos de uso antes de alugar um equipamento da Yellow". A lei estipula que o usuário só pode circular em calçadas a uma velocidade máxima de 6 km/h e a 20 km/h em ciclovias e ciclofaixas. Em outras vias, a utilização dos patinetes é proibida.

Em BH, o preço do aluguel do patinete é de R$ 3 para o desbloqueio e R$ 0,50 para cada minuto de uso. As corridas podem ser pagas com cartão de crédito e dinheiro. Eles estão disponíveis todos os dias da semana das 8h às 20h, em pontos parceiros. No final do dia os patinetes são recolhidos para recarga, manutenção e limpeza.  

Confira abaixo algumas dicas para o uso seguro dos patinetes:  

- Use sempre o capacete bem preso à cabeça e ajustado adequadamente.

- Não trafegar com mais de 1 pessoa;

- Idade mínima de 18 anos para locação de equipamentos;

- Dê sempre preferência ao pedestre. Lembre-se: o pedestre é o mais vulnerável. É obrigação de todos cuidar da sua segurança.

- Respeite sempre os semáforos e as sinalizações de trânsito.

- Jamais conduza a bike ou o patinete se houver ingerido álcool.

- Esteja atento a irregularidades nas vias, como buracos, bem como galhos e árvores que possam oferecer riscos no seu trajeto.

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