PBH dá duas semanas para avaliar se ‘lei seca’ nos bares surtirá efeito no combate à Covid

Renata Galdino
rgaldino@hojeemdia.com.br
05/12/2020 às 14:33.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:14
 (Maurício Vieira / Hoje em Dia)

(Maurício Vieira / Hoje em Dia)

As próximas duas semanas serão cruciais no combate ao novo coronavírus em Belo Horizonte. Esse é o prazo que o Comitê de Enfrentamento à Covid-19 da capital estima para avaliar se a proibição do consumo de bebidas alcoólicas em bares e restaurantes, que passa a valer hoje, reduziu a circulação do vírus na cidade. Caso contrário, medidas ainda mais restritivas poderão ser tomadas.

A nova regra foi decidida na última semana, após três reuniões – a última delas com a participação do prefeito Alexandre Kalil – que buscaram alternativas mais brandas ao fechamento do comércio. A poucos dias do Natal, uma quarentena como a imposta em março pode levar à falência de mais empresas na metrópole e agravar a situação econômica dos setores.

A proibição do consumo de bebidas nos pontos de venda é considerada como “intermediária”. “A primeira (em março) foi o fechamento completo, mas sabemos que existem muitos restaurantes que sobrevivem de refeições e, nesse caso, não estávamos vendo como ponto crucial para as aglomerações”, destacou o secretário municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão, André Reis.

Mas desde que a prefeitura intensificou a fiscalização nesses estabelecimentos, no fim de novembro, os casos mais críticos foram encontrados em bares e restaurantes que funcionam, principalmente, à noite com liberação do álcool, frisou o titular da pasta. “Locais com propensão de aglomeração e não uso de máscaras”, complementou.

Sem o consumo nesses locais, especialistas apostam no aumento do distanciamento social e na redução da circulação do novo coronavírus na cidade. No boletim epidemiológico divulgado pela PBH na última sexta-feira, o número médio de transmissão (Rt) estava em 1,06 – o que significa que cada cem pessoas infectam outras 106

Até o momento, 55 mil moradores testaram positivo para a Covid-19 na capital. Mas a preocupação se voltou ainda mais para a ocupação dos leitos de UTI, que, depois de três meses, chegou a 50,6% e acendeu o sinal de alerta.

“Achamos ser necessário tomar uma medida para poder enfrentar essa escalada de casos. Temos observado um aumento na demanda de cuidados e de procura de leitos tanto da terapia intensiva quanto de enfermaria, e sabemos que a grande maioria da população ainda é suscetível à infecção pelo vírus”, comentou o infectologista Unaí Tupinambás, que integra o comitê de enfrentamento da capital.

Sem detalhar quais seriam, tanto o médico quanto André Reis não descartam medidas mais restritivas se os números da pandemia não baixarem em Belo Horizonte. A avaliação será feita diariamente.

O comportamento dos moradores também será fundamental. “Parte dos problemas da contaminação vem do comportamento individual e, para conter a pandemia, o remédio que a gente tem é reduzir a circulação nas ruas”, frisou André Reis.

Além disso

Apesar de ter desagradado o setor de alimentação, o secretário municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão, André Reis, explicou ser a proibição do consumo de bebidas alcoólicas uma chance para ajudar no faturamento das casas sem determinar medidas mais drásticas, como a permissão, novamente, apenas dos serviços essenciais. “A decisão foi tomada com grande pesar, sentida pelo prefeito Alexandre Kalil”, comentou.

Presidente da seção mineira da Associação de Bares e Restaurantes (Abrasel), Matheus Daniel afirmou não ter sido incluído nos debates. “Colocamos a Abrasel à disposição da prefeitura para construir uma solução em conjunto, buscando a saúde das pessoas e a preservação dos negócios. Mas a prefeitura ignorou a nossa proposta, ignorou nos colocar na discussão, um setor que representa milhares de empregos e empresas”

Segundo André Reis, foram realizadas reuniões com entidades representativas do comércio de BH há cerca de duas semanas, onde foram pontuadas as preocupações do poder público.

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