PC acredita em vingança contra pastor, mas aguarda melhora de atirador para esclarecer massacre

Cinthya Oliveira
22/05/2019 às 19:14.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:46
 (Reprodução Facebook)

(Reprodução Facebook)

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) investiga se Rudson Aragão Guimarães, 39 anos, apontado como responsável pelas mortes de quatro pessoas na noite de segunda-feira (21), em Paracatu, Noroeste de Minas, teria cometido o crime por ter perdido liderança na igreja.

“A motivação é o ponto crucial a ser esclarecido e diligências vão ser realizadas. A linha que trabalhamos é que a motivação seria um desentendimento após uma destituição de cargo da igreja e afastamento de pessoas, que tiveram medo dele”, disse a delegada Thays Regina Silva, durante uma coletiva realizada nesta quarta-feira (22), em Paracatu. “Mas ao longo da investigação, pode haver uma reviravolta”, acrescentou.

A Polícia Civil de Minas Gerais vai aguardar Rudson sair da sedação, a qual foi submetido por causa de uma cirurgia no ombro, para realizar o interrogatório do suspeito. A delegada Thays informou que foi ao hospital da cidade para colher o depoimento do atirador, mas ele apresentou um quadro de consciência confusa.

“Ele disse que não se lembrava de nada, não estava num estado de consciência”, afirmou a delegada. “Ele me falou algumas coisas, mas não sobre o fato. Falou mais sobre as questões referentes ao afastamento dele da igreja, mas de forma incoerente. Vamos então aguardar a retirada total da sedação, para que o Rudson tenha condições de fazer esclarecimentos sobre os fatos e que seja interrogado”.

A delegada também esclareceu vários boatos que surgiram desde o crime. Explicou que Rudson não foi militar, como foi informado pela imprensa, mas apenas reservista na Aeronáutica. Também foi confirmado que Rudson tinha passagem pela polícia por suposto envolvimento com tráfico de drogas.

Thays Silva disse também que não há provas de algum relacionamento amoroso entre a ex-companheira e primeira vítima de Rudson, Heloísa Vieira de Andrade, 59 anos, e o pastor Evandro Rama, que seria o principal alvo do atirador, mas conseguiu escapar.

Também não há prova ou relato ainda de que o pastor Evandro tivesse aconselhado Heloísa a terminar o relacionamento com Rudson, segundo a delegada. “Surgiram comentários de que houve um aconselhamento do pastor para uma mudança de postura do Rudson, que era uma pessoa difícil, com histórico de dependência química”, explicou Thays, acrescentando que não há comprovação de que Rudson tivesse usado drogas nos últimos dias.

Oração

A mãe do atirador, que viu o filho matar Heloísa com golpes de canivete, contou à delegada que Rudson estava alterado há dois dias e que a família estava orando por ele no momento do primeiro crime. Após matar a ex-namorada, ele teria dito à mãe e à irmã que mataria a todos. Não há comprovação no momento de que a condição de gênero da ex-namorada tenha motivado o primeiro assassinato - ou seja, não há indício de que tenha havido um feminicídio. 

A polícia acredita ainda que Antônio Rama, de 67 anos, tenha sido morto para atingir o pastor Evandro, filho da vítima. “Temos imagens da câmera e podemos ver que ele fica na igreja por cerca de 12 minutos e é possível perceber toda a dinâmica. As outras vítimas parecem ser aleatórias, mas o Rudson teria atirado no sr. Antônio para atingir o Evandro e fazer com que as pessoas dissessem onde estava o pastor”.

Além da motivação, a Polícia Civil vai investigar como Rudson teve acesso a uma garrucha calibre 36. O suspeito é investigado por quatro homicídios duplamente qualificados e uma tentativa de homicídio contra o pastor Evandro. 

Ataque

Na noite dessa terça-feira, Rudson Aragão Guimarães, de 39 anos, matou a ex-namorada e outras três pessoas em Paracatu. Antes de invadir a igreja, ele foi até a casa da própria mãe e esfaqueou a ex-companheira. Em seguida, portando uma garrucha de calibre 36, o militar entrou em uma igreja evangélica localizada ao lado da residência, no bairro Bela Vista, onde matou um senhor com um tiro na cabeça e uma mulher.

Policiais que faziam o patrulhamento ouviram os tiros e chegaram ao local rapidamente, exigindo que o homem largasse a arma. De frente para os policiais, ele logo fez uma mulher de refém e, em meio à negociação, atirou nela. Em seguida, um policial atirou na clavícula do suspeito, que recebeu atendimento médico e foi levado para o hospital da cidade.

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