PC descarta hipótese de latrocínio sobre caso do adolescente encontrado morto em Viçosa

Thais Oliveira - Hoje em Dia
11/03/2015 às 18:50.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:19
 (Facebook/Reprodução)

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A Polícia Civil (PC) descartou, nesta quarta-feira (11), a hipótese de latrocínio, isto é, assalto seguido de morte, sobre o caso do adolescente encontrado sem vida dentro de uma vala, em um terreno da Universidade Federal de Viçosa (UFV), na Zona da Mata mineira. Gabriel Oliveira Maciel, de 17 anos, saiu de casa, em Poços de Caldas, para ir a um sítio, em São José do Triunfo, distrito de Viçosa, na última sexta-feira (6), onde participaria de uma calourada promovida pela república Qkické. O corpo foi encontrado na segunda-feira (9) em estado de decomposição.   Segundo a PC, a possibilidade de latrocínio foi excluída, pois não houve assalto. Isso porque, com o jovem, foi encontrada uma pulseira de ouro, além do seu celular nas proximidades do local onde foi desovado. Dessa forma, a principal linha de investigação, liderada pelos delegados Bruno Cerqueira Mazzini e Edvin Otto Filho, continua sendo homicídio.   Até o momento, a corporação confirmou que ouviu seis testemunhas, dentre elas a suposta namorada de Gabriel. No depoimento dado à PC, a garota, que tem 19 anos e é estudante da UFV, mudou a versão dos fatos apresentada à Polícia Militar (PM). Conforme consta no boletim de ocorrência registrado pela PM, no sábado (7), a menina  teria dito ao Conselho Tutelar que Gabriel fez uso de bebidas alcoólicas e de drogas. Nessa terça-feira (10), porém, ela negou que fez as mencionadas declarações e destacou que a vítima estava totalmente lúcido quando conversaram pela última vez. Ela disse ainda que teve um relacionamento amoroso com Gabriel, mas que não era namorada dele.   No depoimento à PC, a jovem confirmou que saiu da festa por volta das 3h de sábado e que Gabriel disse que ficaria mais um pouco no local com alguns amigos. Ela afirmou também que somente soube do desaparecimento por meio dos familiares do adolescente por volta das 6h daquele dia.   Relembre o caso   Gabriel Oliveira Maciel, de 17 anos, saiu de casa, em Poços de Caldas, na Zona da Mata, para ir a um sítio, em São José do Triunfo, distrito de Viçosa, na sexta-feira (6), onde participaria de uma calourada promovida pela república Qkické. Ele foi visto pela última vez, na madrugada de sábado (7), andando sozinho pela rodovia que liga o distrito de São José Triunfo e Viçosa. Uma suposta namorada do adolescente, de 19 anos, estudante da Universidade Federal de Viçosa (UFV), teria recebido uma mensagem de voz do jovem por volta das 6 horas de sábado. Na mensagem, Gabriel diz “dá para a gente ir de carro” e outro homem responde “boto fé”.   Desde então, ninguém teve notícias do adolescente. O corpo só foi localizado na tarde de segunda-feira (9), em uma vala, em uma região conhecida como Fundão, em uma área da UFV. O cadáver estava nu e em estado de decomposição.    Em nota, a UFV lamentou a violência contra Gabriel. Segundo a instituição, o corpo dele foi encontrado nas proximidades da BR-120, a cerca de cinco quilômetros do campus Viçosa. A universidade alegou que o local é uma área experimental, onde são realizadas atividades somente durante o dia. “Em função disso, a vigilância atua por meio de ronda, não permanecendo ali 24 horas”, disse.    “A festa aconteceu fora da universidade, em uma propriedade particular. Qualquer fato ocorrido durante esses eventos, que não são realizados no campus universitário, é de responsabilidade de seus organizadores”, afirmou, em nota. A UFV ressaltou ainda que Gabriel não era aluno da instituição.    Conforme consta no boletim de ocorrência registrado pela Polícia Militar (PM), o Conselho Tutelar esteve na casa da suposta namorada da vítima. Para o órgão, ela teria dito que Gabriel fez uso de bebidas alcoólicas e de drogas. Ela disse ainda que saiu da festa na companhia de amigas e que perdeu totalmente o contato com Gabriel posteriormente. Entretanto, nessa terça-feira (10), em depoimento prestado à Polícia Civil, a garota mudou a versão e disse que Gabriel não usou drogas e ingeriu pouca bebida alcoólica.   Segundo um dos membros da república Qkické, Lucas Marilton, somente maiores de 18 anos tiveram permissão para participar da festa. “Provavelmente, ele usou documento falso para entrar, porque tínhamos seguranças na portaria do sítio, além de duas viaturas da PM monitorando a festa”, afirmou.    Em conversa com a PM, a suposta namorada de Gabriel, confirmou que ele usou uma identidade falsificada em nome de outro rapaz. Segundo os militares, em contato com esse homem, ele relatou que perdeu a identidade e não sabia que a mesma estava com o adolescente.   De acordo com o delegado Bruno Cerqueira Mazzini, nessa terça-feira (10), foi montada uma força-tarefa com policiais civis para checar informações e fazer diligências. Até o momento, Mazzini ouviu seis testemunhas. Outras, dentre integrantes da república e seguranças da festa, devem prestar ao longo da semana.   A causa da morte de Gabriel, porém, ainda é desconhecida. O delegado apenas disse que, por causa do estado de putrefação do cadáver, não foi possível identificar o tipo de lesão sofrida pelo adolescente e que apenas o laudo da necropsia poderá apontar como ocorreu a morte. O exame deve ficar pronto em 30 dias.   O corpo do adolescente foi enterrado na manhã de terça-feira (10), no Cemitério Raul Soares. Emocionados, familiares do jovem contaram que ele era tranquilo e não tinha inimigos e nem vícios.

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