Período chuvoso registra mais mortes e menos danos do que na temporada passada

Ana Clara Otoni - Hoje em Dia
30/04/2013 às 13:19.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:17
 (Leonardo Morais/Arquivo Hoje em Dia)

(Leonardo Morais/Arquivo Hoje em Dia)

Termina nesta terça-feira (30) o período chuvoso 2012/2013 iniciado em outubro do ano passado. No balanço: menos chuva, menos danos e mais mortes. Se por um lado, 20 vidas foram perdidas na temporada passada, no período de chuva atual foram 24. O número de mortes não deve ser traduzido efetivamente pela relação com a ocorrência da chuva, isso porque, muitas delas foram causadas por descuidos e imprudência das pessoas.

É o que aponta o secretário-executivo da Coordenadoria de Estado de Defesa Civil (Cedec), o tenente-coronel Fabiano Villas Bôas. “Se for analisar as mortes que foram ocasionadas pela chuva, pode-se ver que muitas delas ocorreram pela falta da percepção de risco das pessoas e imprudência. Além disso, passamos a computar mais efetivamente os óbitos decorrentes de raios”, afirmou.

O acumulado de chuva foi menor na temporada atual na comparação com a de 2011/2012, o número de cidades que decretaram situação de emergência também foi significativamente menor: 239 municípios mineiros atestaram emergência à Coordenadoria de Estado de Defesa Civil, enquanto na temporada atual foram 42. Mas ainda assim, a Cedec teve que enviar equipes para dez cidades mineiras que tiveram prejuízos por conta da chuva, como Teófilo Otoni, Montes Claros, Passa Quatro e Santos Dumont.

Ao contrário do Estado que alegou não ter tido condições de trabalhar com os gestores municipais para prevenir a epidemia de dengue, a Coordenadoria de Defesa Civil Estadual (Cedec), afirma que atuou antecipadamente para evitar que a troca de prefeitos interferisse no trabalho de prevenção aos incidentes.

“Desde o segundo semestre do ano passado fizemos um trabalho forte com os gestores pedindo para manter as pessoas responsáveis pelos órgãos de defesa civil nas cidades ou para que os novos coordenadores recebessem os dados. Fizemos várias palestras e orientamos esse pessoal”, disse o tenente-coronel.

O que diz a climatologia?

De fato, choveu menos na temporada 2012/2013, muito porque no mês de dezembro, tradicionalmente o mais chuvoso, não foram registradas muitas pancadas. Segundo o Centro de Climatologia Tempo/Clima PUC-Minas, a média histórica do período chuvoso, que vai de outubro a março, na estação Centro-Sul de Belo Horizonte é de 1.379,5 milímetros de chuva. Porém, na temporada atual choveu 175 milímetros menos. Foram registrados 1.203,9 milímetros de chuva neste período.

“Os meses de setembro e abril são considerados de transição, eles são marcados por pancadas de chuva, típicas de verão, e é quando há mais chances de queda de granizo”, afirma o meteorologista Heriberto dos Anjos.

Segundo ele, a redução nos milímetros de chuva podem ser explicados devido a atuação das Zonas de Convergências do Atlântico Sul (ZCAS) na capital, que atuam como um corredor de nuvens que fica praticamente estacionado na região por vários dias.

“O período chuvoso quando não se confira bem em setembro acaba se estendendo para meados de abril. Neste ano, choveu menos em dezembro, mas isso foi compensado em janeiro, quando choveu 426,8 milímetros, quais do que em 2012 quando foram registrados 407,5 mm”, explicou.

 

Período chuvoso registra mais mortes e menos danos do que temporada passada (Frederico Haikal/Hoje em Dia/Arquivo)

Seca e inverno devem ser rigorosos

Minas Gerais apresenta regiões tão diversas que faz com que o Estado tenha cidades decretando situação de emergência por conta da seca e da chuva. "Enquanto estamos falando de encerramento do período chuvoso, já estamos trabalhando há dois meses com a situação da seca. Hoje, há 87 cidades em situação de emergência por conta da seca. Trinta e uma delas receberam atendimento do Exército, como Mamonas, por exemplo", disse. Segundo o secretário-executivo da Cedec, Fabiano Villas Bôas, o Brasil está esperando enfrentar neste ano a seca mais rigorosa dos últimos 50 anos.

Ele diferencia o tratamento dos dois extremos: "Há duas metodologias os desastres do período de chuva ocorrem rapidamente e, por isso, exigem prevenção, contenção das áreas de risco; já para a estiagem é uma situação gradual: precisamos ensinar as pessoas a conviver com a seca", afirmou.

A expectativa da meteorologia é de um inverno rigoroso e seco. "Boa parte da região Sul e da Zona da Mata não tiveram problemas com a redução da quantidade de chuva, mas para o semi-árido e o Norte de Minas que são regiões que sofrem com seca, já há um déficit de água para o abastecimento dessas pessoas", afirmou o meteorologista Heriberto dos Anjos.

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