Pernas bem cuidadas podem evitar que a folia termine antes do previsto

Renata Galdino
22/02/2019 às 21:51.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:41
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Belo Horizonte está no clima do maior Carnaval da história da metrópole. Os 515 blocos de rua que farão mais de 600 desfiles prometem arrastar 4,6 milhões de foliões até 10 de março. Quem pretende seguir à risca a canção “atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu” deve se precaver para não ser obrigado a encerrar a festa antes da hora por conta de dores nas pernas.

As muitas horas que a pessoa passa em pé podem levá-la a acumular líquido nos pés e pernas, alerta Marcelo Moraes, um dos diretores da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV). A situação piora em dias quentes, já que o calor dilata os vasos e o inchaço é potencializado. 

Os males acometem qualquer indivíduo, mas quem tem problemas de varizes, está acima do peso ou é sedentário sofre mais com as dores nos membros inferiores. Crianças e idosos também merecem atenção.

A desidratação engrossa o sangue e prejudica a circulação nas veias. A recomendação é se hidratar bastante durante a folia e alternar a ingestão de cerveja com água 

Diabetes

Soma-se a essa lista as pessoas diabéticas. A doença afeta os pés, que precisam de cuidados redobrados. A advogada Paula Braccini, de 27 anos, sabe muito bem que a falta de vigilância pode piorar a condição clínica. Já se preparando para acompanhar até três blocos por dia durante o Carnaval na capital mineira, ela não deixa de levar lenços e meias grossas extras para a folia. “Os pés de quem tem diabetes não podem ficar molhados nem ressecados. Entre um desfile e outro, eu tiro o tênis, seco e troco as meias”, conta.

A medida é aprovada pelo angiologista Daniel Mendes Pinto, membro da Comissão Nacional de Atuação Multidisciplinar de Diabetes e Pé Diabético da SBACV. Ele reforça que usar o lenço é uma medida correta e a meia absorve a sudorese (suor).

O especialista diz, ainda, que os jovens portadores de diabetes devem ser os mais cautelosos com os membros inferiores. “É mais comum entre eles a perda de sensibilidade protetora dos pés, ficando com maior predisposição para pequenos ferimentos nos pés, e o diabético já enfrenta um processo de cicatrização mais difícil”, explica.

Nesses casos, o ponto crítico é o calçado, que deve ser fechado. “Tem que evitar sandálias, principalmente as emborrachadas, que não oferecem proteção adequada”, complementa Daniel Mendes.

Álcool

Bebidas alcoólicas em excesso também contribuem para o inchaço nas pernas e pés. De acordo com o angiologista Marcelo Moraes, o álcool estimula a diurese (aumento da urina), favorecendo a desidratação e piorando a circulação do sangue nas pernas.

A orientação é moderar no consumo desse tipo de líquido, alternando com a ingestão de água. “A ordem é manter a hidratação do corpo”, afirma o médico. 

De acordo com Maria José Ranuzia, o escalda-pés pode ser feito com água bem quente em uma bacia, duas colheres de sal grosso e três gotas de óleo essencial de lavanda. Os membros inferiores devem ficar imersos na solução por cerca de 15 minutos

Recomendações

Para quem não quer deixar de curtir a folia por conta de problemas nos membros inferiores, especialistas recomendam adotar atitudes desde já para evitar dores e inchaços. Fazer caminhadas diárias, por cerca de trinta minutos, é, inclusive, uma boa pedida para ir acostumando o corpo com a maratona que está por vir.

Alongamentos são bem-vindos, afirma Maria José Ranuzia, diretora-técnica do Instituto Ranuzia, em BH. Segundo ela, os exercícios ajudam tanto a coluna, também afetada pelas longas horas em pé, quanto as pernas.

Entre os desfiles de blocos, Maria José, que é especialista em massoterapia e professora do curso de estética e cosmética das Faculdades Promove, indica fazer automassagem nos pés e na panturrilha com um gel à base de menta.

“Em casa, no fim do dia, também pode fazer escalda pés com água quente, sal grosso e umas três gotas de óleo essencial de lavanda. É relaxante e melhora a circulação. Assim, a pessoa vai conseguir o manter o ritmo. Outra dica é manter as pernas para cima por alguns minutos”, explica a docente.

O folião também deve ficar de olho na alimentação e evitar a ingestão de produtos ricos em sódio, que ajudam na retenção de líquido no corpo, alerta a nutricionista Ana Carolina Barbosa Duarte, professora das Faculdades Kennedy. “Já os que têm potássio, como laranja e banana, além da água de coco, são indicados”, afirma.

Varizes

O ideal seria que pessoas com problemas de varizes buscassem tratamento antes do Carnaval, para amenizar os sintomas. 

Porém, como não dá mais tempo para se submeter a algum procedimento, Marcelo Moraes, diretor da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular, recomenda ao paciente se orientar com um profissional já ao fim da festa de Momo.

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