Pesquisa aponta que filhos de pais que se exercitam têm menos predisposição genética à obesidade

Daniele Franco
22/11/2019 às 10:00.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:46
 (Pxhere)

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Você sabia que seu sedentarismo pode alterar a genética dos seus filhos? Uma pesquisa conduzida por cientistas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) descobriu que a prática de exercícios físicos dos pais tem mais influência na saúde dos filhos do que se pensava. Segundo o estudo, mães que se exercitam durante a gestação e pais com os mesmo hábitos antes (a partir de um ano e dois meses) e na época da concepção geram filhos mais saudáveis e com menos chances de sofrerem com a obesidade.

Líder da pesquisa, o professor Ronaldo Araújo, do Departamento de Biofísica da Unifesp, esteve em Minas nessa terça-feira (20) para apresentar os resultados da pesquisa em um seminário internacional realizado na Fundação Dom Cabral, em Nova Lima, Região Metropolitana de Belo Horizonte. "A grande novidade da pesquisa é que, diferentemente do que se achava antes, o ambiente e os hábitos do macho, do pai, também influenciam na genética do filho, e isso acaba também por tirar essa carga da mãe, que antes era a única responsabilizada nesse sentido", declarou.

A pesquisa foi realizada em camundongos e demonstrou a importância de atitudes dos genitores no combate à obesidade. Conforme detalhou Araújo, os machos foram divididos e uma parcela se exercitou durante seis semanas antes de ser colocada em contato com a fêmea para o acasalamento. As fêmeas eram todas sedentárias, já que o objetivo era estudar a influência do macho na tendência à obesidade. Depois de nascidos, os filhotes de machos treinados e os dos sedentários foram alimentados com produtos ricos em gordura. Resultado: os filhotes dos treinados não engordaram, foram refratários à obesidade.

Com as fêmeas, foi repetida uma pesquisa parecida. Elas foram divididas entre as que treinavam e as sedentárias. O treinamento, que era de natação, começou 20 dias antes do contato com o macho para que elas aprendessem a nadar e continuou durante os 20 dias de gestação. Os resultados foram os mesmos: filhos de mães treinadas foram refratários à obesidade.

O próximo passo da pesquisa é analisar o mesmo efeito em humanos. "Vamos estudar a influência dos hábitos de maratonistas em seus filhos e entender como isso altera a genética das crianças, assim como alterou a dos camundongos", adiantou o professor. O projeto ainda está sendo analisado pelo Conselho de Ética antes de ser executado.

O professor acredita que o efeito do exercício físico seja o mesmo em humanos, consideradas as devidas proporções. A adoção de hábitos saudáveis é uma grande aliada, conforme o cientista, na prevenção da obesidade, porque, nas palavras dele, "quanto mais o indivíduo ganha peso, menos vontade ele tem de praticar esportes, e isso pode infuenciar filhos e até netos, por isso é importante estar ativo".

A expectativa de vida de um camundongo é de cerca de um ano, e a gestação dura 20 dias. Em humanos, o tempo de exercício necessário, se for considerado o resultado observado nos roedores, é de cerca de 420 dias antes da concepção para os machos e de cerca de 18 meses para fêmeas.

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