Pesquisa comprova eficácia da música clássica para reduzir ansiedade de crianças na ida ao dentista

Marília Mesquita
13/06/2019 às 21:04.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:06
 (Arquivo Pessoal)

(Arquivo Pessoal)

Ir ao dentista pode ser muito estressante, especialmente para crianças. Pensando em aliviar esse momento – sinônimo de tensão para alguns pacientes, mas fundamental para a saúde bucal –, pesquisadores descobriram que a música clássica pode diminuir em duas vezes a ansiedade do público infantil ao passar por procedimentos odontológicos. 

O resultado é parte da primeira pesquisa brasileira sobre o tema, desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Odontologia da UFMG e publicada, recentemente, na revista científica European Archives of Paediatric Dentistry.

Segundo a coordenadora da odontopediatria da pós-graduação e orientadora do estudo, Júnia Maria Serra-Negra, a novidade, que já está sendo implantada na clínica pediátrica da UFMG, pode fazer com que a experiência de pacientes em consultórios dentários seja mais agradável e confortável. Ainda de acordo com ela, o uso da música clássica é um recurso seguro e eficaz, de baixo custo e execução simples.

Estudo
Desenvolvido na tese de mestrado da dentista Marcela de Oliveira Brant, o ensaio clínico analisou o comportamento de 34 crianças, de 4 a 6 anos, que tinham cáries em dois dentes. Assim, elas passaram pelo procedimento de restauração dentária em duas sessões, sendo que, em uma delas, foi utilizado um fone de ouvido com a Sinfonia 40 de Wolfgang Amadeus Mozart.

Durante as consultas, as crianças tiveram os níveis de ansiedades medidos através de um oxímetro de pulso, capaz de registrar a frequência cardíaca e a respiração. Esses sinais são alterados facilmente diante de situações de medo e desconforto, mas, durante o ensaio, eles foram controlados em até duas vezes quando a criança estava com o fone nos ouvidos.

“A Sinfonia 40, de Mozart, possui efeito relaxante comprovado cientificamente devido à influência que os comprimentos das ondas musicais provocam na parte cerebral responsável pelo comportamento, o córtex frontal. Além disso, ela é uma melodia universal, que pode ser utilizada em Minas Gerais e em qualquer parte do mundo”, explica Júnia Maria. 

Infância 
De acordo com a especialista e professora de pós-graduação em odontopediatria das Faculdades Unidas do Norte de Minas (Funorte), Taiane Oliveira, muitas são as fases de desenvolvimento nos primeiros anos de vida e o procedimento adequado faz toda a diferença.

“As crianças têm dificuldade de comunicação, forte relação com a mãe e medo do desconhecido. Durante o atendimento odontológico, elas ficam expostas a vários fatores, que podem gerar medo e ansiedade, como barulho, movimento das ferramentas e a manipulação da cavidade bucal”, diz.

Dessa forma, Taiane concorda que o profissional que lida com os pacientes mirins utilize técnicas para trazer calma e segurança a eles.

“É possível sim reduzir o medo e ansiedade para que o tratamento seja feito da maneira adequada. Entre essas técnicas, é interessante explicar para a criança o passo a passo do procedimento que será feito, envolvendo a demonstração visual, auditiva, tátil e olfativa. Além disso, é possível distrair a criança com histórias, músicas ou outros assuntos de interesse dela”, explica.

Cuidados
De acordo com a professora, esses pacientes devem passar por uma avaliação com o odontopediatra ainda bebês, para fazer o teste da língua e verificar se há alguma anomalia na boca. Após o aparecimento do primeiro dentinho, os pais devem levar novamente o filho ao consultório.

O ideal é que as consultas ocorram de seis em seis meses, para que o profissional possa acompanhar o desenvolvimento da criança e prevenir as cáries.

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