Piloto teria assumido risco de pousar em meio a forte neblina

Gabi Santos - Do Hoje em Dia
28/07/2012 às 21:30.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:55
 (FERNANDO PRIAMO/TRIBUNA DE MINAS)

(FERNANDO PRIAMO/TRIBUNA DE MINAS)

O piloto do avião King Air B200, aeronave que caiu neste sábado (28) a 1 km do aeroporto da Serrinha, em Juiz de Fora, na Zona da Mata, teria assumido o risco de pousar em meio à forte neblina que cobria a região. A informação é do próprio aeroporto. No acidente, morreram oito pessoas, entre elas o presidente da Vilma Alimentos, Domingos Costa, de 58 anos, e o filho dele, Gabriel Barreira Costa, de 14. Quatro funcionários e executivos da Vilma estavam na aeronave e também não sobreviveram. As demais vítimas são o piloto e o copiloto.   O acidente aconteceu por volta das 8h, uma hora depois de o bimotor, prefixo PR-Doc, sair do aeroporto da Pampulha, na capital. Havia muita neblina nas proximidades do aeroporto de Juiz de Fora. Antes de bater no chão, a menos de 80 m da sede de uma pousada, o avião atingiu a copa de uma árvore e bateu em um quiosque da propriedade. No impacto, o bimotor explodiu.   De acordo com o aeroporto da Serrinha, a queda aconteceu depois que o piloto comunicou a intenção de pousar. Ele teria sido alertado de que a pista estava fechada por causa da falta de visibilidade. Em um segundo contato, mesmo sabendo que a visão era mínima, o piloto teria avisado que “ia tentar pousar assim mesmo”, conforme informou uma funcionária do Serrinha, identificada por Jéssica. De acordo com ela, esse tipo de procedimento, auxiliado pelo uso de instrumentos, pode ser efetuado por aeronaves particulares.   A caixa preta foi localizada entre os destroços e seria encaminhada para análise no Rio de Janeiro.   Esta não foi a primeira tragédia registrada no Aeroporto da Serrinha, que durante o inverno se transforma em uma área problemática e perigosa para pousos e decolagens por causa da forte neblina. A história da cidade registra outro acidente grave, que teria sido provocado pela mesma causa, pouca visibilidade, há 22 anos, quando um avião com um piloto e três passageiros, que transportava malotes com documentos do Rio de Janeiro para Juiz de Fora, caiu na mesma região, perto do campo de pouso. Dois passageiros desse aparelho conseguiram sobreviver.     Testemunha   A empresária Marta Martoni, proprietária da pousada Aconchego, disse estar acostumada a ouvir barulhos de aviões passando sobre o estabelecimento, mas estranhou o ronco diferente do avião que caiu. “Eu nunca tinha ouvido um barulho igual aquele. Meu marido também estranhou. De repente, ouvimos uma explosão perto de nós”, descreveu Marta.   Houve pânico na pousada, onde dezenas de hóspedes tomavam café. Ainda de acordo com a dona do lugar, o barulho chegou a balançar o prédio e todo mundo ficou assustado. “Saí correndo para o quintal e não enxerguei nada por causa do fogo, da fumaça e da neblina. Depois, descobri que o avião havia batido em uma árvore, arrancado um quiosque na piscina e que um pedaço de asa bateu em uma laje da churrascaria”.   Moradores vizinhos também ficaram assustados. Eles ligaram para o Corpo de Bombeiros. O capitão da Polícia Militar Rubens Valério comandou dezenas de militares no local do acidente, onde existiam ainda focos de incêndio em peças do avião e restos humanos carbonizados. Ele relatou que os destroços ficaram espalhados por um raio de 200 m, em um terreno inclinado e de difícil acesso.

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