O acordo salarial firmado entre professores e Estado, prevendo 31,78% de aumento para os funcionários da rede estadual até 2017, não põe fim à extensa pauta de negociações da categoria. A conquista é a primeira dentro de uma lista de reivindicações, diz Beatriz Cerqueira, coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE) e entrevistada do Página Dois de amanhã, no Hoje em Dia.
“Esse acordo é um começo importante, mas não sintetiza a solução de todos os nossos problemas. É um começo no que se refere ao salário e à carreira. É preciso rediscutir o modelo do projeto pedagógico da rede estadual e pensar na condição do professor, sujeito à violência no ambiente escolar, e no papel dele na definição das políticas relacionadas à educação. Então há muita coisa para se fazer ainda”, diz.
A pauta – com diversos itens, dentre eles a discussão de melhorias no ensino médio e na educação integral – já está nas mãos do governo. Ainda não se sabe quando e como serão os debates nesse sentido.
BATALHA
A proposta de reposição salarial anunciada no último dia 15, garantindo o piso nacional de R$ 1.917,78 para a jornada de 24 horas, foi encaminhada em regime de urgência à Assembleia Legislativa. Antes disso, porém, uma verdadeira batalha foi travada, inclusive com o atual Executivo.
“O governo de Fernando Pimentel, no início do ano, fez uma disputa de opinião pública com isso ao falar da realidade do Estado, apresentar as dívidas e questionar o orçamento deixado pela gestão anterior”, conta Beatriz.
Como forma de pressão, além de usar a promessa de campanha do atual governo, o sindicato ameaçou dar início a uma greve na rede estadual de ensino.
“Diante da morosidade com que o governo nos apresentava a pauta, começamos a construir uma greve que seria realidade hoje caso não tivesse avançado o processo de negociação conosco”, alega a coordenadora-geral do Sind-UTE.
A entrevista completa tratará ainda da polêmica que envolve a situação de cerca de 59 mil funcionários da educação estadual “efetivados” pela Lei Complementar 100.